por Prof. Wagner Romão
Em novembro de 2022 iniciamos em Barão Geraldo uma batalha democrática contra uma dupla imposição: primeiro, a do mercado imobiliário, que segue especulando e lidando com a terra como mercadoria, em busca de mais e mais lucros.
Segundo, da Prefeitura de Campinas, que segue liberando a expansão urbana no município, avançando sobre as áreas rurais, sem que seja capaz de propor à cidade um novo modelo de desenvolvimento – antenado com a emergência climática – que coloque a preservação ambiental e a segurança alimentar no centro de nossas vidas.
Resistimos ao PIDS! Conseguimos suspender o cronograma de aprovação do projeto,
arrancamos da Prefeitura 14 oficinas regionais de informação e discussão do PIDS. Realizamos dezenas de reuniões de organização de nosso movimento, com o apoio das associações de moradores de Barão. Fizemos duas grandes assembleias, com mais de 300 pessoas, que rechaçaram o PIDS e cobraram dos representantes da Prefeitura o respeito à visão dos moradores de Barão.
Apresentamos uma proposta alternativa, construída a muitas mãos, priorizando o respeito à nossa fauna, flora, ribeirão Anhumas, preservação do patrimônio cultural, habitação social e com limitação da altura dos prédios a no máximo 4 andares, o padrão de Barão Geraldo. Infelizmente, muito pouco foi incorporado pela prefeitura ao texto final.
O projeto de lei do PIDS foi encaminhado pela prefeitura à Câmara Municipal em outubro, sem muito alarde. Conversei com alguns vereadores e a expectativa é que o projeto não seja votado neste ano. Afinal, a pauta da Câmara está carregada com o absurdo aumento de 59% do salário do prefeito e dos secretários, aprovado nesta semana. Além disso, também há o PL de alteração da Lei 207/2018, que vai facilitar os novos loteamentos em áreas de expansão urbana em toda a cidade e que, em Barão e arredores, já tomam novas áreas como o condomínio da Guilherme
Campos entre a Unicamp e a Rodovia Dom Pedro, outro condomínio ao lado do Jd. Miriam na margem da Rodovia Campinas-Mogi, mais áreas na margem da Estrada da Rhodia e outros empreendimentos que vão tornar o trânsito no distrito ainda mais caótico do que já é.
Além dessa pauta carregada, penso que o principal motivo pelo qual o PIDS dificilmente será votado neste ano é a nossa mobilização! Nós conseguimos mostrar para o prefeito e os vereadores que eles terão muito desgaste político se o projeto for aprovado como está. Do outro lado, o mercado imobiliário pressiona para que haja liberação definitiva da construção de prédios de 12 andares. Ou seja, eles querem manter o atual zoneamento no “cogumelo” (aquela área do PIDS que se extende acima da Av. Giuseppe Scolfaro até o Bosque das Palmeiras) que permite os condomínios fechados e prédios de até 12 andares e, mais que isso, querem também liberar a
construção desses prédios na área sul do PIDS.
Nós temos que manter nossa posição pela preservação de Barão como um distrito de baixa densidade e considerando que os princípios da ocupação do distrito devem ser a preservação ambiental e a melhoria dos serviços públicos na região, principalmente com o fortalecimento da saúde e do transporte público.
Certamente a defesa de Barão Geraldo será uma pauta quente em 2024. Nós estaremos lá na Câmara Municipal defendendo nosso distrito!
Wagner Romão é professor de ciência política na Unicamp e morador de Barão Geraldo.