A Subprefeitura de Barão, a Secretaria de Cultura e Turismo com o apoio da Feira de Barão e outros parceiros estão realizando a 28ª Festa do Boi Falô nesta Sexta Feira Santa, 29 de março a partir das 10h junto à Feira de Barão na chamada “praça do Côco”, repetindo a mesma programação de 2023 de maneira trivial e sem novidades . Desta vez porém , sem a participação da Comissão Pró Memoria de Barão que participou ano passado, sob muita chuva, apresentando a historia da lenda e de Antônio João Africano – o Toninho milagreiro – cujo corpo está sepultado ao lado do tumulo do Barão no cemitério da Saudade E que foi integrado à lenda do Boi falô a partir dos anos 1990.
A Lenda da “única lenda do interior” de São Paulo
Repetindo a mesma programação de 2023 a festa apresenta a teoria lendária de que a lenda do boi falô era a “única lenda interior” (uma afirmação bastante estranha visto ao conhecimento de centenas de lendas – inclusive de bois que existem somente no Estado de São Paulo). (Sem esquecer que Capivary tambem se considera a “Terra do Boi Falô” embora naquela cidade a maioria já esqueceu da lenda original – que é uma versão diferenciada da de Barão).
As apresentações começam com o grupo “A Camaleoa Produções” (em parceria com o projeto de mentoria artística da Tfilms), que apresentará duas sessões da peça de teatro de cordel escrita no ano 2000 pelo teatrólogo Ton Crivelaro para o “Ministério da Cultura”. Segundo contou o proprio Crivelaro, esse projeto tinha por objetivo apresentar essa lenda cuja dramatização foi reconstruída da original, para outros “bois” do Brasil, e por isso foi escrita e montada com sotaque nordestino. No elenco, mulheres com coordenação da atriz Tânia Guinatti. E nesta apresentação haverá a participação de Ton Crivelaro, que tem vários trabalhos de sucesso na Netflix, Globo Play e outras plataformas. As apresentações serão às 11h e às 13h.
Caixeiras das Nascentes e Ulisses Jr…
Às 12h, quem se apresenta é o grupo popular de percussão formado por mulheres, Caixeiras das Nascentes. À tarde, às 14h30, novamente a participação já tradicional do Grupo Savuru. Durante a festa, haverá também contação de histórias com o ator Ulisses Junior, que escreveu um livro sobre a Lenda do Boi Falô. que foi financiada pelo FICC (Fundo de Investimentos Culturais de Campinas). Ele diz que escreveu o livro baseado nas histórias que ouviu de mestres e griôs de tradição da cidade e portanto foge das versões antigas de Barão Geraldo. Ulisses Junior fará 6 contações de histórias.
A secretaria de Cultura de Campinas enviou à toda imprensa uma síntese das apresentações e junto , 2 versões da lenda. Uma que surgiu no início dos anos 1990 tornando o “escravizado Toninho” o personagem principal (assim como todos os grupos de artistas apresentam) em contraposição a um Barão mostrado como um vilão maldoso. E que, após inventar que o boi teria falado, foi mandado pelo Barão para trabalhar em sua casa “pelo resto da vida”. E também outra versão levantada por integrantes da Comissão Pro Memória que consideram a mais antiga e tradicional de Barão Geraldo, relatando a narração de um capataz que pediu a um empregado (ou escravo) para ir buscar um Boi que teria ficado no Capão do Boi (hoje é a “entrada de Barão”) . E quando ele tocou o boi para se levantar, o boi falo que “Hoje nao é dia de trabalho , e sim dia de Nosso Sinhô Jesus” fazendo com que capataz e todos os outros parassem de trabalhar.
Mas a mídia sempre prefere ficar contando a versão imposta por anos e anos pela prefeitura como se fosse uma “luta contra a escravidão e o racismo…. apagando e se esquecendo do sentido original da lenda , um protesto contra a inobservância da lembrança da morte de Cristo.
AB