O segundo mais antigo registro da lenda do Boi é de dona Albertina Martins, portuguesa e esposa do “vendeiro” português José Martins, que morava na casa ao lado de sua venda, vizinha do prédio onde é hoje a Igreja Universal e também bem em frente da antiga capela central de Santa Isabel. (hoje, agência do banco Santander).
Nos anos 1970-80 havia um repórter “negro”, morador da Vila Santa Isabel em Barão, que fez várias reportagens para o Diário do Povo Trata-se de Allan Gomes que fez uma entrevista com ela durante as festas de aniversario de Barão (sim naquela época haviam festas) e o jornal publicou no dia 11 de janeiro de 1977.
Dona Albertina tinha então 85 anos. Nascida em uma vila rural próximo de Coimbra em Portugal em 1891 e que mudou-se para Barão (o local ao lado da Estação de mesmo nome), já casada, em 1925 (sendo uma das pioneiras que fundaram Barão como vila). E talvez devido à idade , ela omite ou não se lembra de muitos detalhes sobre a lenda … Ela conta assim:
“Numa sexta feita Santa da Paixão, a fazenda do Barão Geraldo resolveu usar os escravos para o trabalho normal . (Eu) não morava aqui ainda. Mas quando me mudei pra cá, a lenda ou estória era contada como se fosse um fato real. Diziam que os escravos foram ao pátio pegar os bois para colocar na canga. Nisso, para o pavor dos escravos, o boi falou: Disse que “Esse não e um dia de trabalho! Por isso não vou trabalhar! O escravo (?) voltou para a sede apavorado – conta ela “E foi correndo contar para o capataz que o boi havia falado“.
“O fato foi muito comentado na época e agora com o passar dos anos , parece que vai sendo esquecido.” – declarou ela.
E além disso ela conta outros casos de Barão, porém reais, como podemos ver abaixo .
Em sua versão ela conta que eram duas fazendas “só havia matagal e colônia” mas curiosamente esquece de falar ou se omite de falar da Estação de trem “Barão Geraldo” que era o principal ponto de referência em Campinas e lugar em que se entregavam as cartas e encomendas aos moradores. Também a própria versão da lenda ela não fala de Capão do Boi, nome de escravo, capataz e muito menos de ano algum. E confunde o “desmembramento” da área (feito mais de 10 anos antes de sua chegada com a compra da terra pelo italiano Plínio Aveniente, de quem eles devem ter comprado a parte deles) com a criação do distrito em 1953.
Seja como for, esse segundo mais antigo registro – lá de 1977, quase 50 anos atrás – demonstra claramente como a versão imposta como a única pela Prefeitura até então , é totalmente diferente da versão tradicional de Barão que ainda veremos vários exemplares a frente.
(WS)