O oitavo registro é do falecido alfaiate e ex subprefeito de Barão Orpheu Leonardi em entrevista a jornalista Bernardete Druzian , do Diário do Povo em 9 de abril de 1989 ou seja, há exatos 30 anos.
Nessa reportagem – que é sobre Barão de uma forma em geral – com entrevista principal com o subprefeito que recém assumia , o professor José Suassuna. Mas Orpheu foi entrevistado porque assumiu o posto do irmão de maior colecionador de fatos e dados históricos de Barão, seu Hélio.
Mas seu Orpheu é um dos antigos de Barão que – talvez por vergonha – tiraram o caráter religioso do mito do boi para – NOVAMENTE – tentar transforma-la em fato real: isto é, uma negativa de trabalho de um “preguiçoso”. ( outros antigos como Antônio Moda e Zulmiro Fernandes também contam essa versão )
Aqui seu Orpheu repete a versão nova, já com o escravo “Toninho” (popularizado pela Festa do Boi Falô 1 ano antes , realizada pelo seu cunhado Atílio Vicentin), contada porém de forma bastante resumida Mas novamente NÂO EXISTE O ANO DE 1888 introduzido por Gilberto Antoniolli e Atilio.
Segundo ele “Numa sexta feira santa, o capataz da Fazenda Santa Genebra mandou o escravo Toninho tocar o boi. O empregado, com preguiça de executar o serviço, voltou ao capataz dizendo que em dia santo não se trabalha e que quem lhe disse isso foi o boi. “
Segundo a repórter, “Leonardi salienta que muita gente ainda acredita nessa história , nada mais que um folclore, é verdadeira”
No entanto , essa é uma nova forma de acreditar que o fato realmente aconteceu: isto é, o escravo mentiu para não trabalhar ! E aí, cadê o compromisso moral de respeito pelo dia da morte de Cristo? que é o principal tema e assunto do boi falo???
Além disso, sabemos que tanto os donos das duas grandes fazendas seguiam a risco as regras católicas, e nem precisavam impô-las a seus escravos e empregados.
Seu Orpheu reafirma, portanto, a versão “envergonhada” da origem rural da lenda, ao dizer que “os antigos acreditavam que era um fato verídico” mas que na realidade “foi só um escravo preguiçoso” que inventou a historia pra não trabalhar. O que tira toda a beleza e a educação moral que toda lenda e toda tradição deve carregar
Warney Smth Silva