POR ADILSON ROBERTO GONÇALVES
Nem as cheias no Sul do país demovem os articuladores da especulação imobiliária em Campinas e, em especial, em Barão Geraldo.
No feriado da semana passada estive na avenida John Boyd Dunlop analisando uma
proposta de aquisição de imóvel na planta. Foi mais uma visita de espião do que intenção de compra. É um empreendimento com três enormes torres que ocupa uma área relativamente pequena, de 8.500 m2, em frente à PUC, mas na qual serão 600 unidades, ou seja, pelo menos 1000 pessoas lá morando, com também 600 vagas de automóveis no edifício-garagem.
Façamos a extrapolação para uma pequena área de Barão Geraldo, o terreno hoje chamado de buracão, (da casa de Luis Vicentin, um dos fundadores de Barão) entre as ruas Ângelo Vicentin e Luís Carlos Meneghetti, próximo à igreja Santa Izabel, e em frente à Praça Augusta Pires de Morais.
A área está sendo limpa agora, com remoção de árvores da calçada e impermeabilização. Ela possui aproximadamente 10.000 m2, um pouco maior do que aquele empreendimento citado, e vemos o que implicaria isso na ocupação do território em termos de gente morando, se deslocando, consumindo e menos área verde para ajudar na infiltração de água e conter enchentes.
Por outro lado, dirão os incautos, que o projeto valorizará a área e não serão prédios tão grandes, mas comparemos com uma ocupação regular em que uma família reside em 300 m2 de terreno. A área de 10.000 m2 acomodaria 30-40 unidades, não 600!
Como sempre, é chover no molhado, pedindo perdão pelo infeliz trocadilho. Fica mais uma manifestação a se somar a outras neste espaço, por exemplo, “O VERDE E O CINZA URBANOS”, de 28/8/2023, sobre a falta de preocupação com a manutenção de áreas verdes.
( https://jornaldebarao.com.br/2023/08/28/o-verde-e-o-cinza-urbanos/ ),
e “PERDEMOS UM SÍMBOLO”, de 10/10/2023, em que o tema era também a especulação imobiliária
( https://jornaldebarao.com.br/2023/10/09/perdemos-um-simbolo/ ).