“Abre Alas” com DJ´s, Berra Vaca e Maracatucá abre o Carnaval nessa sexta 17h

Nessa sexta feira, 9/2 a partir das 17h o “Abre Alas” abre o Carnaval de Barão e também – junto com a Vila Costa e Silva, no mesmo horário – o Carnaval de Campinas. O “Abre Alas será em um palco na Praça Durval Páttaro – a maior praça de Barão – com apresentações de 3 blocos: o “Bloco dos DJ´s”, Berra Vaca e Maracatucá. E junto vai rolar uma feita de organizações comunitárias. Com toda a segurança e apoio da Guarda Municipal , Polícia Militar e apoio da equipe de “Anjos” de cada bloco, e a EMDEC apoiando no fechamento das ruas no entorno, e organizando o tráfego e a segurança.

O evento é um misto entre os tradicionais bailes de Carnaval de Salão ( que foram os primeiros historicamente que iniciaram o Carnaval em Barão) e os tradicionais Carnavais de rua que já ocorrem há 100 anos nas grandes cidades do País, como Campinas. Ele é coordenado por Hidalgo Romero do Cupinzeiro e pelo coletivo dos Blocos d e Barão

BLOCO DO DJ´s : venha dançar ao som de muita black music !

As apresentações começam às 17h com o “Bloco dos Dj´s” Aline Turim, Digão, Hugo, Paulets e Sueyla e vão até às 19h.

O chamado “bloco dos DJ´s” foi criado em 2019 por um coletivo de DJ’s de Campinas e Barão. Eles, tocam prioritariamente black music: (hip-hop, reggae, jazz, funk, samba, etc) entre outros. Os DJ´s começaram a tocar no Abre Alas do ano passado, 2023, trazendo a “pista de dança dos clubes para o Carnaval e foram bem aceitos, enriquecendo a típica mistura que ele é .

veja abaixo os textos dando mais informações e explicando os Blocos dos DJ´s, do Berra Vaca e do Maracatucá

BERRA VACA FAZENDO O POVO CANTAR, DANÇAR E AMAR HÁ 25 ANOS!!!

Logo depois entra em cena o Bloco Berra Vaca – o mais antigo de Barão ! Este ano o BerraVaca completa 25 anos de folia. e vai trazer novidades como músicas de Bezerra da Silva e Eduardo Dusek além dos sambas e marchinhas tradicionais e até adaptações de rock (como Rita Lee e Raul Seixas, Jorge Ben Jor, Tim Maia etc ) que o Berra vem apresentando desde seu início . Sempre tocando para o publico e no rítmo do publico cantar, dançar e curtir e se esbaldar.

Porém a apresentação no Abre Alas é bem curta – provavelmente das 19 às 21 horas – mas vai fazer a Praça Durval Pattáro cantar!

Mas o Berra volta depois na “terça cheia” (dia 13/2) na praça da Vila Santa Isabel seguindo pela Avenida, encerrando o Carnaval de Barão e de Campinas!

O Berra Vaca é o bloco fundador do carnaval de Barão Geraldo e é um dos nossos Patrimônios culturais, porque tem 25 anos de história construídos com a força de seus fundadores, do grupo que toca e canta junto e do público que o acompanha por Barão Geraldo! (Fotos de @lunanetuna)

Berra Vaca no Abre Alas de 2023

Maracatucá homenageia os santos e heróis negros para denunciar e combater o racismo

E às 21h teremos a mini apresentação do bloco de maracatu Maracatucá que também já existe ha 15 anos (desde 2008). O bloco porém não toca marchinhas e sambas de rua como os outros mas praticamente, só o “maracatu de baque virado” surgido em Recife. O maracatu é um estilo de samba rural de origem de afrobrasileiros e sua religiosidade ancestral, surgido no Nordeste brasileiro, onde suas apresentações são mais fortes. Segundo Glória Cunha esse ano o Maracatucá está homenageando as “super heroínas e super-heróis” da África – Calungas e Orixás, de Exu a Orixalá -, “mas também os (heróis) de nossos dias, de Dandara a Marielle, de Zumbi a George Floyd.

“Sob as bençãos de Oxalá e Nossa Senhora do Rosário, o grupo Maracatucá traz para Barão Geraldo, o axé do povo nagô. Saudando as nações e tocando tambor para denunciar o racismo que nos rodeia. Os atos racistas contra o povo que nos ofertou grande parte de nossa cultura é inaceitável e eles estão ao nosso redor. É preciso denunciar o racismo, nas lutas e nas festas! ”

O Maracatucá tem como patrono o orixá Oxalá.

Uma História de pesquisa e arte

Criado em 2008 por batuqueiros de Campinas que queriam aprofundar seus conhecimentos sobre o “maracatu de baque virado”, o Maracatucá desenvolveu várias pesquisas, ensino, e 15 anos de atividades de performance e divulgação desse estilo
Segundo Glória, o Maracatucá é filho das nações” do “Maracatu Porto Rico” e da Nação do Maracatu “Encanto do Pina” e desde 2009 tem trazido o mestre Chacon Viana, de Porto Rico e a mestra Joana, do Encanto do Pina, para Campinas promovendo oficinas e palestras sobre esse universo.
Desde 2010 diversos integrantes do grupo vão para Recife e participam dos
ensaios e desfiles do carnaval dessas nações e do grupo Baque Mulher.
Atualmente o grupo ensaia na EMEI Agostinho Pátaro aos sábados pela manhã e
desenvolve com as crianças um trabalho sobre maracatu.
Pesquisamos o maracatu como arte – baques, loas, dança – sem esquecer seu
entorno social, histórico e religioso, além de sua origem e sobrevivência como
afirmação de nossas matrizes culturais tanto lusa, quando indígena, mas
principalmente africana.

Após o Abre Alas o Maracatucá também vai fechar o Carnaval na próxima terça , dia 13/2 porém saindo às 17h da Praça Irma Carmela Stecchi ( conhecida por praça do Côco) caminhando pela Av, Santa Izabel  até às 21h

BLOCO DOS DJ’S – O bloco que concentra mas não sai.

Criado em 2019 por um coletivo de DJ’s atuantes na cena cultural de Campinas, e principalmente do distrito de Barão Geraldo, pesquisadores e interessados pela música brasileira como um todo, o que inclui estilos como black music, hip-hop, reggae, jazz entre outros. Apaixonados por discos de vinil, os DJ’s reunidos se aventuram pela rica diversidade da música e apresentam em suas discotecagens ritmos dançantes com ênfase na tropicalidade que carrega a essência do carnaval. Em 2023 o bloco passou a integrar a programação oficial do carnaval da cidade, e também aumentou os integrantes do coletivo, que está sempre em movimento. O bloco concentra mas não sai pelo simples fato técnico dos DJ’s usarem toca discos para tocar, o que dificulta estar em movimento já que as agulhas são sensíveis e iriam pular mais que os foliões! Porém isso não diminui a alegria e a potência musical dos “Unidos dos Vinil”.

HISTORICO DO BERRA VACA

(por Inácio Azevedo)

Este ano o BerraVaca completa 25 anos de folia. O Bloco fundador do carnaval de
Barão Geraldo é um Patrimônio de Representação Cultural, porque tem 25 anos de história construídos com a força de seus fundadores, do grupo que toca e canta junto e do público que o acompanha por Barão Geraldo.
No primeiro ano do Berra Vaca, não havia carnaval de rua em Barão Geraldo. Os
fundadores e primeiros integrantes saíram com seus instrumentos e fantasias cantando e entrando em alguns bares de Barão, e ali, sem que soubessem, algo estava nascendo.
A partir dessa primeira vez e da alegria ali vivida nas ruas silenciosas, solitárias e
tristes do carnaval de Barão, começou uma pesquisa de repertório para que fossem
cantadas e tocadas marchinhas tradicionais que não estavam mais presentes em nossa memória. Além disso, começou o movimento de criação de “aversões”: versões de músicas conhecidas e que eram berravaquiadas, ganhando novo vocabulário e novo arranjo. Mas houve também composições próprias, pois vários “hinos” foram inventados, refletindo os temas mais presentes em cada ano. Para acompanhar esses hinos, adereços foram também criados, dando cores a cada hino. Outro movimento típico berravaquês é transformar músicas adoradas da MPB em marchinhas de carnaval (músicas do Tim Maia e da Rita Lee, por exemplo), que foram se tornando marca registrada do bloco. Isso tudo foi sendo inventado ano após ano, em um movimento muito criativo e bonito.


Verdade é que o BerraVaca fez nascer o carnaval de rua em Barão Geraldo e,
depois dele, muitas pessoas se inspiraram para construir suas próprias manifestações
carnavalescas. Porém, não basta ter sido o primeiro bloco: é preciso se manter nas ruas, carnaval após carnaval. E o BerraVaca tem feito isso, durante 25 anos. Por isso, hoje, o Berra é um Patrimônio Cultural de Barão, o que já estampa em seu nome: “BerraVaca” é uma resposta ao Boi que falou em Barão na mais famosa história do distrito (há outras). Se, no século XIX, o Boi falou porque o sinhô obrigou o escravo a trabalhar em plena sexta-feira da paixão, há 25 anos foi a vez da Vaca Berrar: seu grito era para chamar a alegria e chamar as pessoas de volta às ruas para ocuparem, no carnaval, os espaços públicos com a mais forte brincadeira brasileira. O Boi da lenda lembrava o impedimento religioso, o interdito dado pelo sagrado. A Vaca do Berra lembra da liberdade carnavalesca, da permissão dada pelo profano. O berro da Vaca foi maior do que imaginavam aquelas pessoas que se uniram pela primeira vez para brincar o carnaval. Não houve mais silêncio no carnaval de Barão:
alegrias de milhares de pessoas toma as ruas há um quarto de século.
Porém continuar berrando não tem sido tarefa simples. O grupo banca o
equipamento com recursos próprios conseguidos do bolso de seus fundadores. O Berra não é um grupo que se apresenta por cachê, que toca em bares ou em festas. Seu lugar é a rua, seu tempo é o carnaval e seu templo é os encontros das pessoas de diferentes lugares e classe sociais que fazem o Berra.

A VACA ELÉTRICA

O BerraVaca quer ter seu pequeno carro de som, a “Vaca Elétrica” puxado a mão,
para poder estar na mesma altura do seu público, fazendo um carnaval de chão com as pessoas que chegam. A dimensão da “Vaca Elétrica”, é parte da linguagem de inclusão que o Berra pratica desde sua fundação, há um quarto de século atrás. Sua estrutura de comunicação com o público é criada na hora do carnaval, onde o bloco funciona como um dispositivo de agregação, ao trazer músicas de repertório comum do carnaval de marchas brasileiro, associadas a criações próprias, cotejadas com temas da atualidade sociopolítica do Brasil. Suas músicas são ensaiadas por um núcleo, para ser compartilhada com o público que chegar na hora, despertando a memória carnavalesca e criando um estado de pertencimento nas pessoas que ali chegam, mesmo sem ter ensaiado. Compõe essa tecnologia de inclusão e preservação da memória carnavalesca, o estímulo para que os foliões venham em suas fantasias, dispensando as camisetas identificatórias, ou abadás.
Também como parte dessa linguagem que tem como eixo transversal o sentido de
agregação e pertencimento, despertados no instante, na brecha, na festa do carnaval, é fazer um cortejo espiralado, redondo, que desce às ruas no bole bole dos corpos, em
oposição a posições anteriormente demarcadas.
BerraVaca! Arte e Cultura Deixa a Rua + Segura! Muuuuu

  • Redação

    O Jornal de Barão e Região foi fundado em janeiro de 1992 em papel E em 13 de maio de 2015 somente on line

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