Após 69 anos, parte de Barão vai começar a desaparecer? E sua história?

POR WARNEY SMITH SILVA

Trata-se de uma previsão assustadora e com grande possibilidade de ocorrer a partir de várias experiências anteriores de Campinas. Barão Geraldo É UM DISTRITO (e não um bairro) com 67 Km². Seus limites vão da Bambini até à Rhodia e ficam entre a SP340 (estrada para Mogi) e além da Mata Santa Genebra. Porém, teremos de três 3 a 5 grandes processos que irão apagar uma grande parte de Barão atual:

1) Marginais do Tapetão

A construção das Marginais do Tapetão (ou rodovia Zeferino Vaz) que irá ampliar as áreas de tráfego no Jd. São Gonçalo, Uirapuru, Chácaras Recreio e Real Parque, fazendo desaparecer a rua Gildo Camargo P. Sobrinho e engolindo outras desses bairros para a construção de um trevo na avenida Eduardo até o balão da Independência. O mesmo vai ocorrer para o lado do Jardim Independência e Jd. América (fazendo desaparecer alguns terrenos da antiga horta e da margem da rodovia até o Ecoponto (que também deve sair do local) Tudo isso começa a ocorrer em abril ou maio de 2023. Vai acabar o sossego de muita gente, porém promete acabar com o trânsito debaixo do “pontilhão” sem semáforo, apesar da insistência de alguns. Mas será que resolverá mesmo?

2) A construção do H.I.D.S. e do P.I.D.S.

A construção do Conjunto Internacional de Desenvolvimento Sustentável (HIDS) entre a Puccamp, Unicamp, CPNEM, Santander, — integrado ao novo PIDS Polo de Desenvolvimento Sustentável (que irá até a avenida José Lalloni, entre Jd. Alto e Bosque das Palmeiras), é outro gigantesco processo que deve se iniciar já com os 250 anos de Campinas e, na prática, criar um “novo Barão Geraldo” ou grande área urbanizada com dezenas de novas empresas, mais uma centena de prédios, duplicação das avenidas do Santander e da Telebrás, onde serão construídas mais duas perpendiculares nelas entre a Unicamp/Puccamp e o Bosque das Palmeiras… O que triplicaria a área urbana de Barão. É claro que os ambientalistas já estão lutando contra isso e irão lutar ainda mais forte. Esse projeto cria uma espécie de “Barão Geraldo paralela”, voltada para a rodovia SP340 e centrada na Unicamp. Ou como já disse uma conselheira de saúde, virando as costas para esse Barão aqui “que não deu certo” e criando outro… ?

3) Loteamentos das fazendas Rio das Pedras e Santa Genebra

Há anos, os moradores mais ambientalistas esperam a enorme possibilidade de que as fazendas Santa Genebra e Rio das Pedras sejam loteadas para a construção/criação de mais dezenas de condomínios e loteamentos em Barão. O antigo loteamento “Reserva Barão” foi abandonado, mas outro , mais simples, foi criado em seu lugar e vem sendo liderado pelo neto de dona Jandyra. Por´´em a viabilidade está esbarrando nos altíssimos custos e enormes obrigações impostas pela prefeitura atualmente. Já no caso da Fazenda Rio das Pedras A Secretaria do Verde e Rodrigo – diretor do Haras – negaram qualquer solicitação de per´´imetro urbano ou de loteamentos na fazenda ou de loteamentos na fazenda. Mesmo assim isso é previsível, ao contrário do desejo de grande parte da população pela preservação e pelo Parque. Imaginem o enorme impacto de milhares de novos moradores e seus carros em Barão ?

4) Duplicação da Estrada da Rhodia e de outras

Tudo o que é pensado e discutido acima – desde a necessidade de mais moradia e empresas em Barão Geraldo como também a forte tendência de crescimento em direção à SP340 (Adhemar de Barros – ou estrada para Jaguariúna) aponta para uma necessidade cada vez maior de ampliação da Estrada da Rhodia (pelo menos com acostamento e calçadas em ambos os lados e sentidos) o que significa o desaparecimento de dezenas de casas e pontos comerciais do início do século 20 e ampliação de recuos de diversas propriedades como o Condomínio Rio das Pedras, a própria Fazenda Rio das Pedras e outros.

5) Fim dos rios e córregos de Barão?

O córrego do Buratto (que cruza a Av. Santa Isabel e a “rua do Objetivo” e entra na Fazenda) e Ribeirão das Pedras estão praticamente secos. Atualmente escoam vários esgotos e acúmulos de água de chuva e ambos levam à lagoa da Fazenda Rio das Pedras – o antigo “Tanque” – Quem o alimenta é o açude/lagoa da Palmeirinha do Pq Ecológico, este bem preservado. Mesmo se pode dizer do Córrego do Guará que nasce na Mata S. Genebra, margeia a Vila S. Isabel até a lagoa da praça Marilda (hoje em reforma) e também vai para a lagoa da Fazenda. E por último, o córrego que nasce próximo aos Carmelitas, atravessa o Tapetão, e forma o Riacho da Sanã nos fundos da Mata Santa Genebra, indo até o Ribeirão Quilombo. Todos esses riachos estão bastante secos e quando isso acontece a tendência é ser totalmente canalizado e desaparecer. Virar rua. Vamos deixar ?

Por todos os motivos acima é que DEFENDEMOS PELO MENOS A PRESERVAÇÃO DO QUE RESTA DE NOSSA HISTÓRIA LOCAL: a Estação, o sobrado construído pelo Barão em 1870, e o da Rio das Pedras reformado ha 60 anos (porém ainda com todas as marcas dos 250 anos da Fazenda), a praça de entrada como Praça do Capão do Boi para preservar nosso “mito de origem”, a Avenida de Bambu da Santa Elisa, as Matas do Quilombo e Santa Genebrinha além de nosso riquíssimo patrimônio imaterial. Porque É FUNDAMENTAL que as novas gerações vindouras e futuros visitantes possam pelo menos saber como surgiu o distrito, quem o construiu realmente, e depois qual foi o impacto e todos os benefícios, mas também conflitos e mazelas que a Unicamp e todas as grandes empresas de alta tecnologia representavam para a formação do local. ISSO É O PRINCIPAL E BÁSICO DO QUE SE PODE CHAMAR DE DEMOCRACIA! Por isso a URGÊNCIA dessa necessidade.

É evidente que já há e haverá resistência dos ambientalistas como eu e dos que se dizem de “esquerda” na cidade. Mas será que conseguiremos realmente impedir o desaparecimento de Barão antigo, mas principalmente do Barão rural e o que resta de matas e meio mais…….. ? É o que veremos entre nos 70 anos do Distrito e nos próximos anos.

Outra grande possibilidade é o desaparecimento de córregos e riachos. O córrego do Buratto e o Ribeirão das Pedras estão praticamente secos. Atualmente eles escoam vários esgotos e acúmulos de água de chuva e ambos levam à lagoa da Fazenda Rio das Pedras – o antigo “Tanque” O mesmo se pode dizer do Córrego do Guará que nasce na Mata S. Genebra, margeia a Vila S. Isabel e vai até a lagoa da praça Marilda (hoje em reforma) e também vai para a lagoa da Fazenda. Também o córrego que nasce próximo aos Carmelitas, atravessa o Tapetão, e forma o Riacho da Sanã nos fundos da Mata Santa Genebra, indo até o Ribeirão Quilombo. Todos esses riachos estão bastante secos e quando isso acontece, a tendência é ser canalizado e virar rua.

É evidente que já há e haverá resistência dos ambientalistas como eu e dos que se dizem de “esquerda” na cidade. Os ambientalistas são PARTE DA HISTÓRIA mais recente  de Barão Geraldo desde os anos 70/80. Porém eles desconhecem a história anterior do distrito e é esse o principal problema Porque  não se une ambas as preservações? Porque a tentativa de apagar ou esquecer a memória de boa parte da população? Onde está a democracia?

Devido a isso e a tais transformações, é que temos de lutar pela preservação ao menos de  PARTE DO QUE RESTA DE BARÃO: o sobrado construído pelo Barão em 1870, a Fazenda Rio das Pedras com quase 250 anos, a Estação que deu nome ao distrito, a praça de entrada como Praça do Capão do Boi,  para preservar nosso “mito de origem”, a Avenida de Bambu da Santa Elisa, as Matas do Quilombo e Santa Genebrinha além de nosso riquíssimo patrimônio imaterial. Isso é FUNDAMENTAL para que as novas gerações vindouras e futuros visitantes possam pelo menos saber como surgiu o distrito, quem o construiu inicialmente e depois qual foi o impacto e todos os benefícios, mas também conflitos e mazelas que a Unicamp e todas as grandes empresas de alta tecnologia representaram para a formação do local. ISSO É O PRINCIPAL E BÁSICO DO QUE SE PODE CHAMAR DE DEMOCRACIA! Por isso a URGÊNCIA dessa necessidade.

Warney Smith é historiador, membro da Comissão Pró Memória de  Barão Geraldo e autor do livro “Barão Geraldo: a luta pela autonomia (1910-1960)”Pontes Editores, 2021

AMPLIAÇÃO DO “TAPETÃO” A PARTIR DE 2024
  • Redação

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