Barão da dengue
por Adilson Roberto Gonçalves
Barão Geraldo alagou mais uma vez e assim continuará com as chuvas de verão, antes e depois do Carnaval. Após a tempestade e refluxo dos alagamentos restam as poças d’água, espraiadas por todo lado, com destaque para as que se acumulam nas esquinas e em desníveis causados por consertos mal feitos no asfalto.
Sugiro caminhar pelas ruas de nossos bairros após uma chuva para verificar quanta água se acumula.
Se isso contribui para retardar a chegada desse pequeno volume aos rios, também
contribui sobremaneira como criadouro dos mosquitos.
Parece uma questão de engenharia simples, acertar o nível e o desnível, sabendo que a água sempre flui para baixo. A impermeabilização do solo é responsável pelas enchentes, sabemos disso, e a conta pode ser feita de forma direta. Por exemplo, se chove 10 mm, significa que em uma área de 100 m2 impermeabilizada (diferente de construída, pois tudo que é piso, asfalto e concreto entra nessa conta), caem 0,01 m x 100 m2 = 1 m3, ou mil litros. Considerando a conta redonda de que 1/3
dessa água deveria infiltrar, a cada 100 m2 depois da chuva temos 333 litros a mais de água correndo na superfície.
O Aedes aegypti não faz essas contas mas encontra local propício para colocar seus ovos e erpetuar sua espécie. Cerca de 75% dos focos do mosquito que transmite a dengue, a chikungunya e a zika ficam dentro das casas. Mas a presença dessas poças espalhadas pela cidade é um forte componente que não será combatido, pois as operações tapa-buracos, calçamento, construção de galerias pluviais e outras não respeitam princípios simples de escoamento.
O lixo acumulado é outro entrave, ainda mais que em uma simples tampinha de garrafa pode haver dezenas de larvas do mosquito. A nossa relação com as lixeiras já foi avaliada aqui e não melhorou nada (https://jornaldebarao.com.br/2023/12/12/inteligencia-ausente-em-bairro- universitario/). No Carnaval, a festa foi do mosquito.
foto e texto Adilson Gonçalves
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