Começa o 2º Encontro Regional Sudeste do ICLEI, preparando a COP30 e elaborar a “Carta de Campinas”
De olho na sustentabilidade urbana, começa o 2º Encontro Regional Sudeste do ICLEI, em Campinas. Preparativo para a COP 30, evento segue até esta sexta-feira, 13 de junho, no Hotel Premium, no distrito de Nova Aparecida
Com a proposta de promover articulação em torno da sustentabilidade urbana, começou em Campinas, nesta quarta-feira, 11 de junho, o 2º Encontro Regional Sudeste do ICLEI (Local Governments for Sustainability). O prefeito Dário Saadi participou da abertura do evento e ressaltou os programas de Campinas, e a participação das cidades em geral, no combate aos impactos causados pelas mudanças do clima.
Dário frisou a importância do compartilhamento de responsabilidades entre municípios, estados e governo federal, para que a conta não fique somente com as cidades. “Eventos como este são um alento, porque daqui sairão propostas importantíssimas que podem ajudar todo o Brasil a enfrentar essa nova realidade trazida pela emergência climática”, enfatizou.
O Encontro, que segue até sexta-feira (13) no Hotel Premium, no distrito de Nova Aparecida, tem como tema “Conectando Cidades Rumo à COP 30”. A reunião está estruturada como uma “mini COP”, um preparatório para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que será realizada no Brasil em novembro, em Belém (PA). A promoção é da Prefeitura de Campinas em parceria com o ICLEI (Governos Locais pela Sustentabilidade). Ao final do evento será divulgada a Carta Campinas, com alertas e propostas resultantes das discussões propiciadas pelo encontro.
Com uma programação diversificada, o evento em Campinas inclui palestras, mesas-redondas, oficinas e visitas técnicas. O objetivo é fortalecer a atuação conjunta do Sudeste no desenvolvimento de iniciativas sustentáveis, com ênfase na participação social na formulação e execução de políticas públicas.
Participam gestores públicos municipais e estaduais, representantes do governo federal, organizações internacionais, entidades do terceiro setor. Também marcam presença pesquisadores, técnicos e parceiros acadêmicos.
Uma das autoridades presentes, a diretora de Políticas para Adaptação e Resiliência à Mudança do Clima (DPAR), do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Inamara Mélo, destacou a importância da realização de um trabalho integrado do poder público. “Nós estamos determinados a construir, e dar efetividade, ao federalismo climático. O governo federal sozinho consegue muito pouco, precisamos do engajamento e papel decisivo das cidades e dos estados no enfrentamento dos impactos da mudança do clima”, disse.
O secretário-executivo do ICLEI América do Sul, Rodrigo Perpétuo, destacou que Campinas é uma das cidades latino-americanas que têm assento no Comitê Consultivo sobre Governos Locais e Biodiversidade da ONU; que participou da COP 1, que marcou o início desta agenda da biodiversidade; e que se destaca por se preocupar com os impactos da mudança do clima para além do seu território.
A partir de encontros como o ICLEI, segundo Perpétuo, há a possibilidade de elaborar propostas e enviar mensagens que realmente alterem os caminhos do financiamento, “para que os recursos cheguem de fato aos municípios, trazendo alterações nas dinâmicas de concepção das políticas do governo brasileiro”.
O secretário municipal do Clima, Meio Ambiente e Sustentabilidade, Braz dos Santos Adegas Júnior, lembrou ainda o orgulho da cidade em sediar o evento. “O Brasil é vitrine do mundo para a COP30 e Campinas vai contribuir com esse debate por meio deste Encontro e da Carta Campinas, que será elaborada ao final”, disse.

Destaques da programação
Uma programação paralela já teve início na terça-feira (11) com a oficina técnica regional do Processo Participativo de Construção do Plano Nacional de Arborização Urbana (PlaNAU), realizada na Universidade Mackenzie.
Nesta quarta-feira (11), de manhã, houve a Oficina/Diálogo AdaptaCidades, do 2º Encontro Sudeste do Iclei – Governos Locais pela Sustentabilidade. A Defesa Civil de Campinas apresentou o projeto de instalação de 120 estações meteorológicas na Região Metropolitana de Campinas (RMC).
Na recepção do evento, a Secretaria de Serviços Públicos levou uma demonstração das microflorestas, projeto que vai criar 200 pequenas florestas na cidade, aproveitando espaços como canteiros centrais de avenidas. As primeiras nove já foram concluídas, e a décima começa a ser implantada nesta quinta-feira, 12. No encontro, uma estrutura com 500 mudas foi levada para que os participantes pudessem ter contato com a iniciativa. As mudas têm grande capacidade de sequestrar de carbono e auxiliar no combate às mudanças climáticas.
Também nesta quarta houve a palestra magna da pesquisadora Thelma Krug, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Ela abordou o papel estratégico das cidades no cumprimento das metas climáticas brasileiras, tanto na mitigação quanto na adaptação às mudanças climáticas.
O prefeito de Campinas participou de uma mesa redonda sobre a Adaptação Baseada na Natureza, discutindo o papel central da biodiversidade para a resiliência urbana.
O evento termina na sexta-feira (13), com visitas técnicas à Usina Verde de Compostagem de Campinas e ao Centro de Educação Ambiental da Mata de Santa Genebra.
Documento final: Carta Campinas
Ao fim do encontro, será elaborada a “Carta Campinas”, um documento que reunirá as principais propostas e contribuições da Região Sudeste. A Carta será apresentada na COP 30 como um posicionamento conjunto dos municípios da região em prol da agenda climática global.

A diretora de Políticas para Adaptação e Resiliência à Mudança do Clima (DPAR), do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Inamara Mélo, destacou a importância da realização de um trabalho integrado do poder público (fotos Carlos Bassan)
Além de Campinas, participaram outras cidades integrantes do Comitê Consultivo sobre Governos Locais e Biodiversidade da Convenção das Nações Unidas, como Curitiba, São Paulo e Medellín (Colômbia). Unicamp e ICLEI também estavam no debate. As iniciativas voltadas ao meio ambiente foram apresentadas pelo prefeito Dário com destaque para o plantio de árvores que chegou a 567.033 mudas plantadas entre 2021 e 2024, parques lineares, usina de compostagem e obras de macrodrenagem para controle de enchentes e projetos com abelhas sem ferrão.
Dário Saadi reforçou que as políticas voltadas à emergência climática, não podem ser apenas setoriais. “Têm que permear todas as ações de todos os órgãos públicos”.
Presente na mesa redonda, o Secretário do Verde e do Meio Ambiente da cidade de São Paulo, Rodrigo Ashiuchi, também falou sobre as iniciativas tomadas na capital, como a implantação de veículos não poluentes, mais parques e jardins de chuva. A cidade também vai começar a fazer o Inventário Arbóreo Municipal, uma iniciativa semelhante a que Campinas já implementa e está em andamento. “Acreditamos que a questão climática não tem partido. Estamos falando de futuro e queremos fazer a diferença na vida das pessoas”, destacou.
O diretor de Mudanças Climáticas, Felipe Maia Ehmke, da Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Curitiba, contou sobre as inovações implementadas pela capital paranaense. Ele destacou a importância das parcerias com outras instituições para efetivar as políticas públicas do clima e à sustentabilidade urbana.
Já a diretora da Área Metropolitana do Vale do Aburrá da Prefeitura de Medellín (Colômbia), Paula Palacio, trouxe a experiência internacional para o evento, abordando o urbanismo ambiental. Ela citou como exemplo a criação de uma taxa ambiental instituída para angariar recursos para a execução dos projetos.
A mesa também teve a contribuição do professor Carlos Joly da Unicamp.
Crédito: Carlos Bassan
Prefeito Dário apresentou projetos de Campinas
Mudança do clima impacta centros urbanos
Antes do debate, o Encontro teve aula magna da pesquisadora Thelma Krug, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Ela abordou o papel estratégico das cidades no cumprimento das metas climáticas brasileiras, tanto na mitigação quanto na adaptação às mudanças climáticas.
Segundo a pesquisadora, parte significativa das emissões de gases de efeito estufa é gerada em centros urbanos e os impactos da mudança do clima têm implicações diretas sobre eles. Suas infraestruturas e populações terão que se adaptar à nova realidade de uma mudança que já aparece como inevitável. Ela abordou ainda a sinergia entre medidas relacionadas à mudança do clima e trajetórias de desenvolvimento sustentável, incentivando cidades e seus governos a buscar inovações sociais e tecnológicas que melhorem o ambiente urbano e contribuam mitigando o problema e promovendo as adaptações necessárias.
O desafio, de acordo com ela, é que cientistas e formuladores de opinião falam “línguas diferentes”. Enquanto os cientistas priorizam previsão e explicação detalhada, quem formula as políticas públicas precisa de informações concisas e acionáveis, o que pode levar à rejeição das contribuições da ciência. Thelma também fez um contraponto lembrando que evidências científicas mesmo sendo claras podem ser minimizadas ou desconsideradas se entrarem em conflito com agendas políticas.
A pesquisadora salientou pontos como a importância da comunicação para levar informação à população. “A pesquisa científica é altamente complexa e traduzir essas descobertas em insights relevantes para políticas públicas não é fácil porque é necessário simplificar sem sacrificar a precisão”, afirmou na apresentação.
O evento foi aberto no início desta tarde. Leia mais aqui: https://www.campinas.sp.gov.br/noticias/124839/de-olho-na-sustentabilidade-urbana-comeca-o-2-encontro-regional-sudeste-do-iclei-em-campinas
Crédito: Carlos Bassan
Thelma Krug ressaltou importância da comunicação
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