Hoje, terça “gorda” ou “cheia” de Carnaval teremos alguns bailes e shows de encerramento. A tarde teremos o baile de Carnaval do São Paroquial da Igreja Santa Isabel (VEJA ABAIXO TODAS AS INFORMAÇÕES) ÀS 17horas o bloco Maracatucá começa sua apresentação de encerramento na conhecida “praça do côco” (pça Irma Carmela Stecchi no mapa) e vai até às 22h. E justamente nessa hora começa a apresentação da “Vaca Elétrica” do bloco Berra Vaca na praça ao lado da escola Hilton Federici, na Vila S. João – E vai dar a volta pela av Santa Isabel até as 3 da manhã da QUarta feira de cinzas , 14/2.
Maracatucá homenageia os santos e heróis negros para denunciar e combater o racismo
E às 21h teremos a mini apresentação do bloco de maracatu Maracatucá que também já existe ha 15 anos (desde 2008). O bloco porém não toca marchinhas e sambas de rua como os outros mas praticamente, só o “maracatu de baque virado” surgido em Recife. O maracatu é um estilo de samba rural de origem de afrobrasileiros e sua religiosidade ancestral, surgido no Nordeste brasileiro, onde suas apresentações são mais fortes. Segundo Glória Cunha esse ano o Maracatucá está homenageando as “super heroínas e super-heróis” da África – Calungas e Orixás, de Exu a Orixalá -, “mas também os (heróis) de nossos dias, de Dandara a Marielle, de Zumbi a George Floyd.
“Sob as bençãos de Oxalá e Nossa Senhora do Rosário, o grupo Maracatucá traz para Barão Geraldo, o axé do povo nagô. Saudando as nações e tocando tambor para denunciar o racismo que nos rodeia. Os atos racistas contra o povo que nos ofertou grande parte de nossa cultura é inaceitável e eles estão ao nosso redor. É preciso denunciar o racismo, nas lutas e nas festas! ”
O Maracatucá tem como patrono o orixá Oxalá.
Uma História de pesquisa e arte
Criado em 2008 por batuqueiros de Campinas que queriam aprofundar seus conhecimentos sobre o “maracatu de baque virado”, o Maracatucá desenvolveu várias pesquisas, ensino, e 15 anos de atividades de performance e divulgação desse estilo
Segundo Glória, o Maracatucá é filho das nações” do “Maracatu Porto Rico” e da Nação do Maracatu “Encanto do Pina” e desde 2009 tem trazido o mestre Chacon Viana, de Porto Rico e a mestra Joana, do Encanto do Pina, para Campinas promovendo oficinas e palestras sobre esse universo.
Desde 2010 diversos integrantes do grupo vão para Recife e participam dos
ensaios e desfiles do carnaval dessas nações e do grupo Baque Mulher.
Atualmente o grupo ensaia na EMEI Agostinho Pátaro aos sábados pela manhã e
desenvolve com as crianças um trabalho sobre maracatu.
“Pesquisamos o maracatu como arte – baques, loas, dança – sem esquecer seu
entorno social, histórico e religioso, além de sua origem e sobrevivência como
afirmação de nossas matrizes culturais tanto lusa, quando indígena, mas
principalmente africana.“
HISTORICO DO BERRA VACA
(por Inácio Azevedo)
Este ano o BerraVaca completa 25 anos de folia. O Bloco fundador do carnaval de
Barão Geraldo é um Patrimônio de Representação Cultural, porque tem 25 anos de história construídos com a força de seus fundadores, do grupo que toca e canta junto e do público que o acompanha por Barão Geraldo.
No primeiro ano do Berra Vaca, não havia carnaval de rua em Barão Geraldo. Os
fundadores e primeiros integrantes saíram com seus instrumentos e fantasias cantando e entrando em alguns bares de Barão, e ali, sem que soubessem, algo estava nascendo.
A partir dessa primeira vez e da alegria ali vivida nas ruas silenciosas, solitárias e
tristes do carnaval de Barão, começou uma pesquisa de repertório para que fossem
cantadas e tocadas marchinhas tradicionais que não estavam mais presentes em nossa memória. Além disso, começou o movimento de criação de “aversões”: versões de músicas conhecidas e que eram berravaquiadas, ganhando novo vocabulário e novo arranjo. Mas houve também composições próprias, pois vários “hinos” foram inventados, refletindo os temas mais presentes em cada ano. Para acompanhar esses hinos, adereços foram também criados, dando cores a cada hino. Outro movimento típico berravaquês é transformar músicas adoradas da MPB em marchinhas de carnaval (músicas do Tim Maia e da Rita Lee, por exemplo), que foram se tornando marca registrada do bloco. Isso tudo foi sendo inventado ano após ano, em um movimento muito criativo e bonito.
Verdade é que o BerraVaca fez nascer o carnaval de rua em Barão Geraldo e,
depois dele, muitas pessoas se inspiraram para construir suas próprias manifestações
carnavalescas. Porém, não basta ter sido o primeiro bloco: é preciso se manter nas ruas, carnaval após carnaval. E o BerraVaca tem feito isso, durante 25 anos. Por isso, hoje, o Berra é um Patrimônio Cultural de Barão, o que já estampa em seu nome: “BerraVaca” é uma resposta ao Boi que falou em Barão na mais famosa história do distrito (há outras). Se, no século XIX, o Boi falou porque o sinhô obrigou o escravo a trabalhar em plena sexta-feira da paixão, há 25 anos foi a vez da Vaca Berrar: seu grito era para chamar a alegria e chamar as pessoas de volta às ruas para ocuparem, no carnaval, os espaços públicos com a mais forte brincadeira brasileira. O Boi da lenda lembrava o impedimento religioso, o interdito dado pelo sagrado. A Vaca do Berra lembra da liberdade carnavalesca, da permissão dada pelo profano. O berro da Vaca foi maior do que imaginavam aquelas pessoas que se uniram pela primeira vez para brincar o carnaval. Não houve mais silêncio no carnaval de Barão:
alegrias de milhares de pessoas toma as ruas há um quarto de século.
Porém continuar berrando não tem sido tarefa simples. O grupo banca o
equipamento com recursos próprios conseguidos do bolso de seus fundadores. O Berra não é um grupo que se apresenta por cachê, que toca em bares ou em festas. Seu lugar é a rua, seu tempo é o carnaval e seu templo é os encontros das pessoas de diferentes lugares e classe sociais que fazem o Berra.
A VACA ELÉTRICA
O BerraVaca quer ter seu pequeno carro de som, a “Vaca Elétrica” puxado a mão,
para poder estar na mesma altura do seu público, fazendo um carnaval de chão com as pessoas que chegam. A dimensão da “Vaca Elétrica”, é parte da linguagem de inclusão que o Berra pratica desde sua fundação, há um quarto de século atrás. Sua estrutura de comunicação com o público é criada na hora do carnaval, onde o bloco funciona como um dispositivo de agregação, ao trazer músicas de repertório comum do carnaval de marchas brasileiro, associadas a criações próprias, cotejadas com temas da atualidade sociopolítica do Brasil. Suas músicas são ensaiadas por um núcleo, para ser compartilhada com o público que chegar na hora, despertando a memória carnavalesca e criando um estado de pertencimento nas pessoas que ali chegam, mesmo sem ter ensaiado. Compõe essa tecnologia de inclusão e preservação da memória carnavalesca, o estímulo para que os foliões venham em suas fantasias, dispensando as camisetas identificatórias, ou abadás.
Também como parte dessa linguagem que tem como eixo transversal o sentido de
agregação e pertencimento, despertados no instante, na brecha, na festa do carnaval, é fazer um cortejo espiralado, redondo, que desce às ruas no bole bole dos corpos, em
oposição a posições anteriormente demarcadas.
BerraVaca! Arte e Cultura Deixa a Rua + Segura! Muuuuu