por Maira Schiavinatto Massei
Mais de 200 delegados se organizaram em um Fórum Popular no dia 8/12, após terem sido surpreendidos com o encerramento abrupto da 4ª Conferência Estadual da Cultura do Estado de São Paulo, com o tema central “Democracia e Direito à Cultura”. Os trabalhadores da arte e cultura buscavam na plenária que a organização garantisse a acessibilidade plena durante o evento on-line, por uma estrutura para a total participação popular e pela ampliação do calendário da conferência para contemplar as discussões de forma adequada.
Marcado para as 9h pela plataforma Zoom – e depois discussões em Eixos Temáticos no Microsoft Teams – , o evento começou com cerca de 40 minutos de atraso, falta da leitura e aprovação do Regimento Interno e muita dificuldade de conexão dos participantes às salas de discussão. Organizada pela Secretaria da Cultura, Economia e Indústrias Criativas do Estado de São Paulo, a quarta edição da Conferência foi marcada por autoritarismo do secretário executivo da pasta, Marcelo Assis, que conduzia o encontro e o encerrou por volta das 13h30
A indignação dos participantes resultou na organização autônoma do “Fórum Popular”, que iniciou às 15h pelo Google Meet, e resultou na formação de uma Comissão que irá solicitar uma reunião com representantes da Secretaria e da organização da Conferência para cobrar que o governo estadual se posicione. Os representantes dos municípios reivindicam que o encontro garanta condições de participação e que, além do dia 18 de dezembro, que já consta na agenda, seja ampliado também para o 19 para que os temas sejam debatidos com excelência nas discussões.
“Exigimos que a Secretaria da Cultura, Economia e Indústrias Criativas do Estado de São Paulo reconheça suas graves falhas e garanta as condições necessárias para que as pessoas eleitas nas conferências municipais de mais de 600 cidades possam levar suas propostas para as políticas públicas de cultura do estado e do país”, afirma Adriana Scannavez, uma das representantes do grupo.
A Comissão que representa o Fórum Popular ainda destaca que “a abordagem inicial da Secretária Marília Marton, referente à importância da diversidade e equidade na seleção das propostas, contrasta com a inobservância das condições técnicas que deveriam viabilizar tais objetivos”.
Entre os destaques do que foi vivido na Conferência está a ausência de recursos de acessibilidade, como interpretação de Libras e audiodescrição no evento, inclusive no eixo que se propunha a tratar de acessibilidade na cultura, impedindo a participação plena dos delegados com deficiência. Após muita reivindicação dos presentes, o encontro voltou para a plenária com a tradução em Libras, quase três horas após o início da conferência. Um pouco mais de uma hora depois, enquanto os delegados debatiam as propostas, Assis encerrou a sala principal do encontro on-line sem dar explicações.
Seguindo a agenda do Estado, a 4ª Conferência de Cultura deve ter continuidade presencialmente no próximo dia 18. O Fórum Popular irá protocolar o pedido de reunião, solicitando uma resposta até quarta-feira (13/12), às 12h, e já estão com novo encontro marcado para às 18h para definir os próximos passos em busca da garantia da efetiva participação de todos os delegados.