Falecimento dona Didi, fundadora da Casa de Repouso Bom Pastor

Informamos o falecimento de Benedicta Thereza Domene – mais conhecida como “dona Didi”, no dia 27/8 aos 95 anos, na Casa de Saúde de Campinas. Segundo sua filha Maria Paula, com quem ela vivia, dona Didi não estava doente e tinha uma ótima saúde para seus 95 anos e apenas sofria de “esquecimento” normal para a idade. Mas naquele dia ela levantou-se bem e logo às 9h30 sofreu um AVC hemorrágico e foi levada para a Casa de Saúde. E por volta das 3h00 do dia 27/8, ela faleceu.

Dona Didi nasceu no município de Tietê-SP no dia 4 de maio de 1927. Era filha do ferroviário Raul de Barros e de Maria Cecília de Barros que se mudaram depois para Botucatu onde ela cresceu. Seu pai era ferroviário da antiga E.F. Sorocabana.

Ela teve 9 irmãos. Segundo Maria Paula, era uma família unida e grande com muitos tios. “Meus avós eram muitos religiosos, em Botucatu construíram a igreja de Nossa Senhora Aparecida, onde ele foi homenageado com o nome na praça em frente à igreja. Minha avó era Vicentina e costurava batinas para os padres que não podiam pagar por uma. Então ela aprendeu desde cedo o que era caridade” – declarou.

Em Botucatu, Benedicta estudou até o ginásio, que era só para meninas por volta de 1940 e depois passou a ajudar os pais. “Ela estudava e ajuda a mãe em casa com os irmãos. Nunca trabalhou fora de casa. Mas trabalhava muito em casa” – declarou sua filha. Nesses anos, conheceu o professor Paulo Domene, com quem se casou em Botucatu, em 1950. Paulo passou em um concurso para dar aulas em Jaú -SP na antiga Escola Industrial onde se tornou professor de “Artes industriais” e Marcenaria. E foi em Jaú que nasceu a maioria de suas filhas. Com Paulo, ela teve 4 filhas e criou mais uma desde os 8 anos de idade: Cecília Aparecida (que se formou professora); Maria Conceição- psicóloga, Maria Helena- bióloga, Maria Paula – engenheira agrônoma e Claudete ( a “irmã do coração”) – que trabalhava como “inspetora de aluno”.

Dona Didi era “do lar”, da Igreja e da caridade, mas mesmo com filhas pequenas, ela participou do Lyons, de uma Equipe de Nossa Senhora, Equipe de Casais, T.L.C., Vicentinos, e outros grupos da Igreja católica.
Segundo Maria Paula, ela chegou a participar da campanha pela instalação da primeira “bomba de cobalto” no Brasil, no hospital Amaral Carvalho em Jaú.

Como nasceu a Casa de Repouso Bom Pastor

Maria Paula conta que em 1973 a família se mudou para Campinas para que as filhas pudessem ter acesso a escolas melhores. E em 1980 sua tia que morava em Maringá, veio com sua filha de 10 anos para fazer um tratamento de câncer em hospitais de Campinas. Foi depois disso que dona Didi percebeu que muitas pessoas abandonavam o tratamento por não ter recursos para ficar hospedados na cidade. Em 1984, a família se mudou para Barão Geraldo. Paulo, que já estava aposentado, seu uniu com uma de suas filhas e genro e abriram o Restaurante Rango da Vovó ( nome em homenagem à dona Didi).

Mas o primeiro contato dela com Barão foi devido ao tratamento da sobrinha que vinha se tratar no Centro de Oncologia.
Dona Didi era vicentina e servia na capela da Boa Morte, no Hospital Irmãos Penteado e na Santa Casa onde começou o Hospital de Clínicas da Unicamp. Segundo sua filha, ela começou batendo de porta em porta pedindo ajuda para montar uma casa, primeiro só de mulheres. Foi aí que ela conheceu sua primeira parceira, dona Ruth, que ajudou a fundar a primeira casa feminina.

Tempos depois a família Vicentin liberou sem custo a antiga casa de Luís Vicentin – próximo à igreja Santa Isabel – para ela montar a casa dos homens. Nessa época quem pagava o aluguel da casa das mulheres era o Centro de Oncologia, e ela sempre ia atrás de mais apoios para tudo: alimentação, material de limpeza e higiene, roupas de cama mesa e banho, e principalmente para pagar pessoas para cuidar dos idosos; E para o que faltava, “Minha mãe tirava, literalmente, a roupa do corpo para ajudar as pessoas”.

“Ela foi no Silvio Santos , no Aguinaldo Rayol, em vários programas de TV, e conseguiu as primeiras ambulâncias” – disse ela. Com o ex prefeito Jean Nassif Mokarzel dona Didi conseguiu o terreno para construir a sede da Casa Bom Pastor e a família DPaschoal impulsionou a construção. “Minha mãe batia na porta de prefeito, vereador, deputado, empresa desde que fosse para ajudar a casa”.

Segundo Paula, a equipe ou diretoria inicial da Casa de Repouso Bom Pastor eram só mulheres com histórico de câncer. Uma delas foi Cila DPaschoal, que foi vice- presidente por muitos anos. “Teve também a Marina Homem de Mello, a Giselda , foi esse trio e Dona Ruth, as guerreiras. A Dra Silvia Brandalise também sempre esteve presente com minha mãe”.

Até que em 2012 quando fez 85 anos, dona Didi perdeu uma filha também com câncer E foi dai, que ela “desacelerou”, começou a deixar a Bom Pastor aos cuidados de outras pessoas. “Até os 85 anos, ela pegava ônibus para ir para Barão”.

Enfim ela teve uma linda história de dedicação ao próximo e foi abençoada com uma morte rápida e sem dor, na alegria da sua casa e junto da família.

No dia do velório, o Padre Valentim foi até o cemitério dos Flamboyants para dar a última benção. E para a missa de corpo presente foi o próprio monsenhor dom Roberto Fransolin quem foi ministrar. Seu sepultamento foi no mesmo dia 27/8.

Dona Didi deixou ainda 4 filhas, 11 netos e 7 bisnetos e uma vida inteira de exemplo de uma vida voltada para a solidariedade. Com certeza, será eterna.

Dona Regina, atual presidente da Casa Bom Pastor declarou na página da instituição: “Ao ver pessoas dormindo no chão para não perderem o dia do tratamento, dona Didi resolveu dar a eles o mínimo de dignidade…. uma cama e um prato de comida. Com isso junto com outras pessoas de boa vontade, conseguiu fundar uma ONG para ajudá-los. Essa casa é resultado desse começo. Nossos sentimentos a sua família e que ela descanse em paz.

(AB)

  • Redação

    O Jornal de Barão e Região foi fundado em janeiro de 1992 em papel E em 13 de maio de 2015 somente on line

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