Fuga de cérebros

por Adilson Roberto Gonçalves

Campinas se transforma na “Capital Nacional da Ciência, Tecnologia e Inovação”, segundo iniciativa de Jonas Donizette no Congresso Nacional. Reflexo do polo tecnológico aqui existente, caracterizado, em palavras modernas, pela formação aqui de um ecossistema propício para o desenvolvimento de start-ups, de empresas de alta tecnologia, com uso das mais poderosas ferramentas de miniaturização, computação, biotecnologia, engenharia, sistemas, e um longuíssimo etc.

Ciência e tecnologia em Campinas é sinônimo de Unicamp, CNPEM (que congrega, dentre outros, o Sirius e o Orion, visitado pelo Presidente Lula nesta semana, com lançamento da pedra fundamental), PUCCAMP, Instituto Federal de São Paulo, CTI Renato Archer, Fatecs, Etecs, IAC, ITAL, apenas para ficarmos entre os mas proeminentes.

No entanto, para tocar os empreendimentos precisamos de gente. E com formação
especializada. A fuga de cérebros está mais do que anunciada e evidente. Os salários de pesquisadores e professores universitários estão defasados e quando comparados com valores pagos no exterior é muito difícil manter essa massa intelectual e profissional aqui. A Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) reajustou em 40% as bolsas pagas a alunos e pesquisadores, o que é um alívio, mas cria uma disparidade com os próprios orientadores e supervisores.

Um salário inicial de carreira de professor doutor, que passa por árduo concurso público para conseguir uma vaga, é R$15.500, apenas 25% maior que a bolsa de pós-doutorado (R$12.000), sem contar que a bolsa não paga imposto de renda. A Fapesp além disso pagará o correspondente ao INSS para o bolsista que passa a contar tempo para a aposentadoria e outros benefícios no futuro. Medida injusta? Não, erradas estão as universidades que fizeram esforço financeiro para conter a expansão salarial visando a um superavit irracional frente ao governo estadual, o que compromete, agora, a manutenção do pessoal e portanto, da qualidade do serviço prestado. Sem gente não se faz ciência e sem ciência o país não dará os saltos de que necessita para chegar no equilíbrio social para a serena convivência de todos.

  • Redação

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