O IAC, Instituto Agronômico de Campinas, faz hoje, 27-6, 130 anos de criação como uma das exigências dos Clubes da Lavoura do século XIX ao imperador D. Pedro II para embasar e fortalecer cientificamente a produção agropecuária das grandes fazendas para os mercados internacionais. Os Clubes da Lavoura eram formados pelos proprietários das maiores fazendas produtoras de café, cana, e outras produções em todo o pais, e seus principais líderes em São Paulo eram os chamados “barões do café”. Hoje, o IAC lança 2 novos tipos de cana de açúcar melhoradas geneticamente para produzir mais (veja noticias de hoje no final da matéria)
No entanto, o IAC foi fundamental para a história de Barão Geraldo desde o início. Em primeiro lugar, a doação da Fazenda Santa Elisa, para o IAC, pelo próprio Barão Geraldo, um dos diretores e líderes do Clube da Lavoura de Campinas, foi um dos marcos essenciais para o fortalecimento do Instituto. Depois, a construção da Estrada de Ferro Funilense (que induziu a construção de vários núcleos rurais e a urbanização em todo o norte da Grande Campinas (na época região do “Oeste Paulista”) passava pelas fazendas e terras do Instituto, que tinha praticamente duas estações: a estação Guanabara (hoje CIS Guanabara) ficava ao lado da sede do IAC, justamente para atendê-lo e a seus clientes, e a estação Santa Elisa que ficava próximo à atual Bambini e depois prosseguia pela Santa Elisa até a estação que deu origem a Barão Geraldo. Posteriomente ao falecimento do Barão, O IAC foi fundamental como local de trabalho e emprego para muitos ex colonos das fazendas, sitiantes e moradores não só de Barão Geraldo, como de toda a região. Diversos antigos baronenses trabalharam no IAC e Santa Elisa, com fotos, memorias gravadas e comprovações. Além disso, o IAC foi fundamental no apoio e ajuda aos sitiantes de todo o pais, inclusive de Barão Geraldo, como no amplo estudo dos engenheiros agrônomos Ruy Müller Paiva e Mario Decourt Homem de Melo, realizados junto ao IAC em 1940-42 com o objetivo de fortalecer e apoiar os pequenos sitiantes agrícolas de Campinas. E atualmente o IAC mantem forte interligação de pesquisa com a Unicamp sobretudo junto a Faculdade de Engenharia Agrícola, desde praticamente sua fundação. Além de doar parte de suas terras para a construção e duplicação da Estrada Campinas – Barão, Paulinia, Cosmopolis etc (o atual tapetão), o IAC preserva a “Avenida de Bambu” (a Avenida Maria Amélia criada a pedido do Barão para proteger sua esposa do sol, nas viagens para a sede da fazenda.
Desde 1887, o IAC foi fundamental para o melhoramento agrícola não só do pais como sua atuação internacional foi através dele que o Brasil participava das primeiras Exposições Internacionais realizadas nas principais capitais da Europa e nos EUA, mostrando as diversas variedades de café e cana e outros produtos. E além disso, organizou não só exposições internacionais no pais, como exposições, congressos, e inúmeras reuniões cientificas realizadas anual e mensalmente em todo o pais e uma das principais bases de criação da EMBRAPA em 1972. Além disso recebeu visitas de grandes lideres mundiais e personalidades como a Rainha Elizabeth o astronauta Yuri Gagarin, o premio Nobel Albert Sabin, vários presidentes e foi palco de inumeras atividades nacionais.
P visitas de or tudo isso e muito mais detalhes, O Instituto Agronômico deveria ser considerado Patrimônio Histórico (inclusive arquitetônico) não só de Campinas, como do Estado de São Paulo, como pelo SPHAN e pela UNESCO, devido sua participação nas Exposições Internacionais e no melhoramento do café e de grande parte de produtos agrícolas comercializados em todo o mundo e no desenvolvimento científico mundial – o que é essencial para a alimentação e manutenção da humanidade.
Em seus 130 anos IAC lança 2 novas variedades de Cana de Açucar de alto desempenho
Por Carla Gomes da Assessora de imprensa – IAC
O Instituto Agronômico (IAC) completa 130 anos e lança duas variedades de cana-de-açúcar com perfis diferentes e alto desempenho — são a IACSP01-3127 e a IACSP01-5503, que começaram a ser desenvolvidas em 2001. As duas variedades apresentam ganhos agroindustriais em torno de 15% nas condições indicadas, quando comparadas com a variedade mais cultivada no Centro-Sul do Brasil, que é a RB867515. Outra característica positiva de ambas é o longo período de utilização industrial. O lançamento será feito durante a cerimônia de aniversário do Instituto, no próximo dia 27 de junho, às 15h, em Campinas, na sede do IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. No evento, estarão reunidos, além de servidores do IAC e representantes do setor agrícola, o secretário de Agricultura, Arnaldo Jardim, o prefeito de Campinas, Jonas Donizette, e o vice-governador do Estado e Secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado, Márcio França.
A mais antiga instituição de pesquisa agronômica do Brasil celebra sua atuação ininterrupta desde 1887, quando foi criada por D. Pedro II. Além de ser responsável por grande parte dos sistemas tecnológicos que viabilizam a diversidade agrícola paulista, o IAC tem contribuições em diversos Estados brasileiros e inspirou a implantação de outras instituições de pesquisa. “Produtos como café, laranja, feijão, milho, amendoim, borracha natural e tantos outros têm a origem de seus cultivos na ciência e tecnologia desenvolvidas no Instituto Agronômico e estão presentes no dia a dia do brasileiro”, afirma o diretor-geral do IAC, Sérgio Augusto Morais Carbonell.
A cana-de-açúcar é uma das culturas pesquisadas no IAC e com esses novos materiais, o Instituto disponibiliza para o setor sucroenergético o insumo mais importante para a canavicultura, isto é, as variedades.
As novas variedades atendem a duas situações distintas — que incluem ambiente rústico e manejo favorável de cultivo. Uma delas, a IACSP01-5503 é bastante rústica e muito competitiva em ambientes restritivos, caracterizados por solos de pequena capacidade de armazenamento de água e com baixa fertilidade natural. “Essa condição acontece em todas as regiões produtoras de cana, incluindo São Paulo, Goiás, Minas Gerais, Tocantins, Mato Grosso do Sul, Paraná e Mato Grosso”, afirma o pesquisador do IAC, Marcos Guimarães de Andrade Landell.
As variedades rústicas se adaptam a condições limitantes, mas não são tão competitivas em uma situação favorável de cultivo. Com esse perfil, a IACSP01-5503 se adapta à região originalmente conhecida como o Cerrado brasileiro. A IACSP01-5503 se mantém produtiva de maio até novembro, o que constitui um grande benefício ao setor sucroenergético, por proporcionar um longo período de utilização industrial. Essa característica é relevante por flexibilizar a época da colheita.
Já IACSP01-3127 é uma cana que apresenta alta performance em situações de manejo avançado, que inclui, por exemplo, o uso de vinhaça e outros resíduos orgânicos. Também viabiliza longo período de utilização industrial, podendo ser colhida de maio até outubro. “A IACSP01-3127 é muito responsiva a ambientes favoráveis e em regiões onde a distribuição de chuvas é melhor. As duas variedades tiveram ganhos agroindustriais próximos de 15% quando comparadas com a variedade mais cultivada no Centro-Sul do Brasil, que é a RB867515”, explica Landell. As duas variedades foram avaliadas nos Estados de São Paulo, Goiás, Minas Gerais e Tocantins.
Por ano, os ganhos de rendimento em açúcar variam de 1% a 1,5% e metade deste progresso é atribuída ao melhoramento genético convencional da cana-de-açúcar, como o conduzido no Programa Cana IAC. O Instituto Agronômico, que mantém um dos três programas de melhoramento genético de cana no Brasil, preconiza o conceito de diversificação do plantio como estratégia para promover a segurança biológica do canavial. “Nossa recomendação é que uma variedade não exceda 15% do total da área plantada e, nesse contexto, as instituições de pesquisa precisam disponibilizar, periodicamente, novas variedades”, diz.
Landell ressalta também que a cana, por ser uma cultura perene, permanece longo período em produção e nesse tempo de utilização devem ser adotadas maneiras de evitar a exposição da lavoura a doenças. A partir do momento em que o canavial é instalado, ele será trabalhado por cerca de nove cortes, diferentemente das culturas que são instaladas anualmente. A diversidade varietal é o principal mecanismo para obter essa proteção. “A exposição de um campo a doenças, quando se tem grande concentração varietal, pode levar à inviabilidade econômica da atividade”, adverte.
“Só chega aos 130 anos quem se atualiza e comprova sua eficiência e competitividade dentro do setor econômico que se destaca no PIB nacional”, diz o diretor-geral do IAC.
Sérgio Augusto Morais Carbonell, diretor-geral do IAC, ressalta que o Instituto vem, ao longo dos anos, aumentando a sua produtividade, tanto na área de produtos como no setor de serviços, por meio de laboratórios e clínicas acreditados pela ISO 17.025. “Só na área de sementes, incluindo diversas espécies, o Instituto produz cerca de 500 toneladas, por ano, que após a multiplicação, ocupam sete mil hectares de lavouras”, diz. Ele também comenta sobre a importância do trabalho do IAC na elaboração de métodos de análises de solos, que são transferidos para o setor privado. “São cerca de 140 laboratórios do Brasil e do exterior que são conveniados ao IAC e têm suas análises avaliadas de acordo com os padrões do Instituto, que é pioneiro nessa área no País”.
Outro indicador da competência e da credibilidade do IAC é o aumento na captação de recursos junto a empresas e agências de fomento estadual e federal. “O investimento em nossas pesquisas comprovam que o IAC segue competitivo e demonstrando a essencialidade da pesquisa”, considera.
O diretor do IAC lembra que, durante longo período de sua história, o Instituto atuou praticamente sozinho no cenário da ciência agrícola. Porém, a criação de outras instituições públicas e de empresas privadas no segmento da pesquisa fez surgir a concorrência pelos espaços no mercado e pela obtenção de financiamentos. “Mantém-se em atividade quem comprova eficiência e capacidade de atender às necessidades atuais, que envolvem qualidade de produtos e geração de empregos, aliadas à sustentabilidade ambiental”.
O IAC chega aos 130 anos com cerca de 250 projetos de pesquisa em andamento, desenvolvidos com recursos do Governo do Estado de São Paulo, da iniciativa privada e das agências de fomento, incluindo a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP).
“Não há como falar da evolução agrícola nacional sem passar pelas contribuições do Instituto Agronômico, é uma referência para São Paulo e para o Brasil, como ressalta o governador Geraldo Alckmin”, diz o secretário de Agricultura.
Entrega do Prêmio IAC
Como parte das comemorações, o Instituto Agronômico (IAC) oferece o Prêmio IAC, que está em sua 24ª edição. A cada ano, são escolhidos um pesquisador científico e um servidor de apoio, pela contribuição à pesquisa desenvolvida no Instituto. Este ano, serão agraciados o pesquisador Mário José Pedro Júnior, que iniciou sua carreira no IAC em 1973, nas áreas de agrometeorologia, bioclimatologia e climatologia agrícola, e a servidora de apoio, Eliana Aparecida da Silva Ferreira, do Núcleo de Pessoal, do Centro de Administração do IAC.
Na categoria externa, o Prêmio IAC 2017 irá para o secretário de Agricultura e Abastecimento, Arnaldo Jardim. Também será agraciado como Personalidade da Extensão Sucroalcooleira, o presidente da Organização de Plantadores de Cana da Região Centro-Sul (ORPLANA), Eduardo Vasconcellos Romão, que receberá um kit com MPBs (Mudas Pré-Brotadas) das novas variedades. A ORPLANA reúne 33 associações.
A Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), por seus 50 anos, e o jornal Correio Popular, por seus 90 anos, receberão a Medalha de Honra ao Mérito “Franz Wilhelm Dafert”, que foi o primeiro diretor do Instituto Agronômico.