Limitação de senhas no “acolhimento” nos Centros de Saúdes causam revoltas na população.
Na última reunião do Conselho local de Saúde de Barão Geraldo, realizada dia 07 /06, a principal discussão foi sobre as muitas reclamações dos atendimentos no Centro de Saúde recebidas pelos conselheiros e nas redes sociais. Houve uma mudança no processo de “acolhimento” (atendimento inicial) para priorizar casos mais urgentes , sobrepondo consultas e outros problemas que veio causando muitas reclamações expostas pelos usuários e foi discutida a necessidade de haver mudanças no processo de “acolhimento”.
Atualmente, na recepção de usuários/pacientes eles passam por uma “triagem” inicial, para saber o motivo da procura pela unidade de saúde, suas queixas e encaminha-los para a consulta médica ou para a equipe de enfermagem. O C.S. (“postinho”) distribui 15 senhas matutinas para sistema de acolhimento, porém, nem sempre os que procuram recebem atendimento médico.
Além do “acolhimento” e atendimento, as principais reclamações seriam problemas de comunicação deficitária entre coordenação, equipe e usuários. Mostraram insatisfação com a demora para conseguirem agendar consultas e exames de rotina, além de filas e questionaram má vontade por parte de funcionários ao ser em recepcionados.
Estiveram presentes moradores usuários, trabalhadores do centro de saúde, as conselheiras Nádina Fernandes, Ana Paula Scatolin e Geraldo, alguns dos trabalhadores (como a técnica de enfermagem Zélia) E representando a gestão, a médica e coordenadora do CS dra. Cristiane Garcia Franco e representado o Distrito Norte (da Saude), Dra. Flávia.
“Não ha demanda?
A conselheira Ana Paula relatou que os conselheiros recebem muitas queixas e reclamações. e afirmou que o que mais causa problemas é que a Secretaria de Saúde despreza ou exige provas das reclamações com o argumento de que “não há demanda” ou “cadastro”. O conselheiro Geraldo disse quase o mesmo: que a culpa principal é do pessoal dos poderes públicos (não só da Prefeitura) que “usa essa desculpa esfarrapada da falta de cadastramento” que segundo ele para nada serve . Ele citou que segundo o Correio Popular Barão Geraldo tem 80.000 habitantes fixos, além dos estudantes “flutuantes” podem ultrapassar os 110.000. “E por isso que há muitos usuários que acabam explodindo revoltados e reagindo de forma violenta. O que não está certo nem podemos aceitar. Mas é um sinal de que não está legal esse atendimento”
Uma das reclamações é que a Prefeitura divulgou que havia reduzido a fila para exames de especialidades, como tomografia, e que já estavam fazendo em 15 dias, porém isso não aconteceu no C.S. Barão. Outra foi do morador Matheus Lisboa, relatou que por falta de comunicação da recepção levou mais tempo que deveria para resolver seu problema de coleta de exame de rotina. “O que a gente quer do acolhimento é que ele seja resolutivo. Que ninguém morra na fila, vamos dizer assim“- disse Matheus.
A moradora Nayara Oliveira, presente na reunião, disse que o principal problema é colocar senhas limitadas num horário pequeno pra isso e não atende a “demanda espontânea” . Segundo ela, existe uma apostila feita pelo Ministério da Saúde em 2011 (“Acolhimento à Demanda espontânea”) que critica esse procedimento de senha limitada que a Secretaria não está cumprindo “O grande problema é colocar senha limitada em horário de acolhimento. Porque acolhimento é incompatível com senha. Não faz sentido.” Ela informou que irá pedir ao Conselho Distrital de Saúde da Zona Norte que debata o caso do Centro de Saúde de Barão. Ela propôs que seja feita uma revisão total das mudanças feitas no processo de trabalho apresenta problemas.
Segundo ela, a Secretaria de Saúde restringe o número de profissionais e não orienta ou informa seus profissionais sobre o atendimento na expectativa de um SUS universal. E diante do longo processo para ter mais postos ou contratar mais pessoas, os moradores e usuárias não podem ser penalizadas. “Sou de uma época em que os exames eram feitos sem agendamento, apenas comparecendo nos dias em que estava estipulado que poderiam ser realizados. E depois passaram a ser agendados. Agora mais de um mês ? Que SUS é esse que demora 1 mês para fazer um exame de sangue?” – disse Nayara. Para ela Coordenação e funcionários precisam demonstrar interesse no melhor atendimento para garantir legitimidade “Precisam construir um processo de trabalho que as pessoas sintam que vocês estão dando o máximo de vocês. Se não as pessoas não vão legitimar o trabalho de vocês aqui dentro“.
Outra das reclamações relatados pelas Conselheiras é de “mau atendimento” de alguns funcionários e que começa já na recepção;,. E por isso elas pediram para que a Coordenadora exija a colocação dos crachás. A conselheira Nádina Fernandes , lembra de um caso em que chegaram a chamar a polícia no “Posto de saúde”. Para ela, a falta de uma boa comunicação entre Secretaria, coordenação, funcionários e usuários é que leva a confusões e causa problemas e conflitos que se avolumam e acaba causando prejuízos. “além de uma boa comunicação é preciso termos coesão na conversa, no trabalho em conjunto, lutarmos pelo mesmo objetivo e unir forças” .
Relata que a principal necessidade do Distrito é a construção de uma UPA(Unidade de Pronto Atendimento), e mais postos de saúde, Construção de um Centro de saúde na Região da Mata Santa Genebra e outro no Guará/Vl. Holândia.
Aumento da demanda e redução de profissionais
A Coordenadora, a médica Cristiane Garcia Costa, explicou aos presentes e respondeu os questionamentos. Segundo ela o principal causador é o grande aumento da demanda. Sobre a dificuldade de comunicação, Cristiane disse que “é um problema antigo e não é só no posto de Barão que ocorre em todos os postos em geral”. E defende que o melhor espaço para a comunicação são as reuniões entre os profissionais e do Conselho mais do que as redes sociais. “Debates e reclamações pelas redes sociais não conseguimos dar conta de acompanhar. Precisamos que entrem em contato direto ou nos tragam suas necessidades”.
Sobre a mudança no acolhimento, Cristiane disse que após a época do COVID que parou quase tudo, deixaram de agendar pacientes na demanda espontânea devido a confusão que estava havendo com no acolhimento. Foram várias fases de mudanças e que , por conta do grande aumento de demanda, não foi feito mais o atendimento de demanda espontânea e passaram a fazer apenas o atendimento de “demandas agudas” que precisavam de um atendimento e não podiam esperar uma consulta agendada (exemplo: gripe, dor de garganta, infecção urinaria, etc.). E que depois da volta do Centro de Saúde após a reforma, as equipes ainda estão ajustando a melhor forma de atendimento, e os usuários perderam as referências das equipes para priorizar a demandas espontâneas do dia.
Antes era agendado apenas 15 pacientes para o mesmo dia. Porém com o crescimento da demanda, decidiram deixar livre para o atendimento comum. O que gerou conflito com as consultas agendadas, e a demanda espontânea, deixando a equipe médica sobrecarregada.
Sobre a marcação dos exames, Cristiane disse que antes estavam sendo feitos só na parte da manhã de segunda a quinta , mas a demanda era muito irregular. Haviam dias eram menos de 10, outros passavam de 100 “, assim o posto de saúde passou a priorizar a demanda do dia, e distribuir de forma igualitária os pacientes nos dias de coleta”. Outra questão é que os mesmos funcionários que estão trabalhando na coleta, ao terminarem se deslocam até a Subprefeitura para trabalhar na vacinação de campanha, como da gripe, covid.
A ESPERANÇA DA “SAÚDE DIGITAL
Segundo Cristiane, o programa Saúde Digital – de atendimento médico pelo celular – não é generalizado para todas as pessoas mas sim para aqueles que já tem habilidades com o celular Primeiro se passa na triagem (acolhimento) que pergunta ao paciente se ele quer ser atendido pelo celular.
“Quem vai triar esses pacientes somos nós”. Quando surgir alguém que precisar de um atendimento médico e o Centro de Saúde não tiver como atender será ofertado o programa Telemedicina para agilizar o atendimento.
‘É um programa que está começando e que nós temos muita esperança que melhore a demanda espontánea. E hoje está aberto com poucas vagas para o município inteiro apenas poucas vagas Mas para o segundo semestre irão fazer também o ” Tele atendimento na Atenção Básica” que deverá ser generalizado. Mas ainda não começou porque precisa de computador que seja “habilitado” com internet etc. e o próprio posto nao tem computadores em condições para atendimento a todos.
“Espero que essa fila que temos de agenda, a gente consiga facilitar para o próprio usuário o programa “Saude Digital” – disse a Coordenadora
AB
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