Os contêineres verdes para receber o lixo doméstico, também chamado de orgânico, fazem parte de uma iniciativa adequada para diminuir o contato dos coletores com o resíduo urbano, além de racionalizar a coleta. Não foram poucos os críticos do sistema, desde os incríveis manifestos dos que reclamaram por ter de andar alguns metros a mais para colocar o lixo naquela nova lixeira, até os que não colaboram, colocando resíduos de construção, poda, jardinagem e até de corte de árvores ali. Inúmeros avisos são dados para não sobrecarregar o contêiner, sendo que material colocado em sacos ao lado da lixeira também são coletados, desde que o caminhão já não esteja saturado com o lixo orgânico regular. Solução simples, mas que os detratores do sistema conseguem complicar.
Esse sistema foi implementado apenas em Barão Geraldo e Cambuí, regiões nobres de Campinas. Pelo menos os dados demográficos mostram que ali habitam pessoas de maior poder aquisitivo, lembrando que conexões cerebrais não são medidas em dólar. Alguns desses vizinhos já tiveram a oportunidade de viver no exterior, Europa principalmente, em que a prática do uso de lixeiras vem de décadas. E lá se comportam adequadamente, como um bom cidadão, praticando o que aqui criticam. Ou seja, em terra própria não se dá o direito alheio. No momento em que se discutem formas de redução de lixões, aterros e da disposição de resíduos sólidos urbanos, uma das regiões de maior poder aquisitivo parece fazer questão de dar o mau exemplo. Sem contar que temos um Ecoponto eficiente, na saída para a rodovia Zeferino Vaz, que recebe gratuitamente todo tipo de resíduo e entulho.
A coleta seletiva também é regular, realizada duas vezes na semana, mas sofre com a ação dos clandestinos (que se chamam de recicladores independentes). Há um fator social importante, mas o problema é que os não oficiais abandonam parte do material separado devido à baixa lucratividade que possuem. Tiram os sacos da frente da residência, vão até as lixeiras verdes e lá descartam filmes plásticos, vidros e outros materiais menos valiosos. Se ao menos deixassem para ser coletado pelo caminhão da Prefeitura, haveria uma simbiose de interesses. Aproveitando a proximidade com o Dia Mundial do Meio Ambiente, eis aí uma oportunidade para melhor refletirmos sobre a prática sustentável no dia-a-dia. Nada adianta acesso à informação se ela não é colocada em prática. Não resolve apenas reclamar a autoridades pelos meios a que temos acesso se individualmente não praticamos a consciência ambiental coletiva.
Saibamos que muito desse conhecimento, posição social e arrogância está sendo, literalmente, jogado no lixo.