O presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve em Barão Geraldo quinta passada, dia 4/7 na sede do CNPEM (Sirius) (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais) para o lançamento da pedra fundamental do novo laboratório de biossegurança “ÓRION”. Um complexo laboratorial de pesquisas avançadas em patógenos (vírus e bactérias de alta periculosidade), com instalações das mais avançadas e inéditas no mundo. A previsão de custo do Governo Federal é de R$ 1 bilhão até 2026. Na cerimônia, o presidente anunciou ainda a ampliação do Sirius. O acelerador de partículas terá novas estações de pesquisa e infraestrutura otimizada.
Participaram da cerimonia a ministra do MCTI Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação), a ministra Nísia Trindade (da Saúde), o ministro Márcio França (da pasta de Empreendedorismo, Microempresa e Empresa de Pequeno Porte), o diretor-geral do CNPEM, Antonio José Roque da Silva, o presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento), Aloizio Mercadante, o prefeito Dário Saadi, além de vários deputados, vereadores e outras autoridades. Roque da Silva foi quem ciceroneou o Presidente e sua equipe.
“Não faltará dinheiro para a educação no país. A educação é o oxigênio que faltou ao brasileiro na época da COVID, a educação é o futuro do Brasil”, disse Lula, ao citar os investimentos nas próximas etapas de ampliação do complexo de laboratórios, ressaltando a sua satisfação pessoal em voltar ao local anos depois de ter tomado a decisão de iniciar o projeto.
“Vou andar com a maquete embaixo do braço mostrando para todo mundo. Essa maquete é o Orion, que vai colocar o Brasil na vanguarda. Eu quero agradecer a Deus por ter estado aqui em 2008 com o Sérgio Rezende (à época, ministro da Ciência e Tecnologia) e ter tido a ideia de fazer. E, 16 anos depois, estamos de volta para dizer que vamos fazer mais e melhor porque o Brasil merece”.
A Ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação também falou sobre o Orion: “Considero que hoje é um dia histórico para o Brasil. A pedra fundamental do Orion é um grande passo para a ciência, para a saúde e para a soberania do país”, disse Luciana Santos.
“Vivi com muita intensidade os tempos de pandemia à frente da Fiocruz num momento de negacionismo científico. Todos os países vão precisar se preparar para novas pandemias. O Orion é a nossa preparação para os novos desafios sanitários, além da garantia da nossa soberania”, afirmou Nísia Trindade.
O diretor-geral do CNPEM, Antônio José Roque da Silva, destacou o apoio do governo federal e sua grande alegria em ter conduzido o presidente Lula por uma visita pelas dependências do centro. “O Orion é um dos centros mais avançados do mundo, com tecnologia nacional, um projeto brasileiro, que conecta a ciência básica à aplicada. Esse é o importante DNA desse centro, que liga a pesquisa à indústria”, observou Roque, acrescentando que o foco da equipe de pesquisa é buscar soluções para os grandes problemas do país.
“O Brasil tem seus desafios, o mundo tem seus desafios. A nossa visão nesse centro avançado é pensar como podemos participar da solução desses problemas de forma multidisciplinar em temas como energias renováveis, biociências, mudanças climáticas, entre tantos outros”.
Durante a cerimônia, o físico Rogério Cézar Cerqueira Leite, que faz parte do conselho do CNPEM e não pôde comparecer por motivos de saúde, foi homenageado pela importante contribuição que deu para o projeto Orion.
Ao chegar ao complexo em Campinas, o presidente Lula visitou as obras do novo laboratório e de ampliação do acelerador de partículas Sirius. Ele também participou de um almoço no CNPEM com autoridades e representantes do Centro de Pesquisa.
Conheça o projeto Orion
O Projeto Orion será um complexo laboratorial para pesquisas avançadas em patógenos, com instalações de alta e máxima contenção biológica (NB3 e NB4, respectivamente), inéditas na América Latina e as primeiras do mundo conectadas a um acelerador de partículas, o Sirius. Em construção em Barão, no campus do CNPEM, o projeto terá ainda laboratórios de pesquisa básica e aplicada nos níveis de biossegurança 2, 3 e 4; técnicas analíticas e competências avançadas de bioimagens; laboratório de treinamento que simula instalações de alta e máxima contenção biológica; setores de conexão com as linhas de luz (Sibipiruna, Timbó e Hibisco), entre outras dependências de apoio. Toda essa infraestrutura estará à disposição da comunidade científica nacional e internacional que atua na investigação de agentes patogênicos (vírus, bactérias, fungos) e seus efeitos para a saúde humana.
Ao possibilitar o avanço do conhecimento sobre patógenos e doenças correlatas, o Orion terá papel fundamental nas ações de vigilância e políticas de saúde e também no desenvolvimento de métodos de diagnóstico, vacinas, tratamentos e estratégias epidemiológicas. O Orion é um instrumento de apoio à soberania nacional no enfrentamento de crises sanitárias, com potencial de beneficiar diversas áreas, como saúde, ciência e tecnologia, defesa e meio ambiente.
Até junho de 2024, foram repassados R$ 240 milhões para o Projeto Orion, somando parcelas contratadas em 2022 e 2023. Estão previstos mais R$ 760 milhões até 2026.
Sírius o acelerador de partículas brasileiro
A primeira fase do Sirius conta com 14 linhas de luz capazes de cobrir uma grande variedade de áreas científicas e que já estão sendo disponibilizadas para a comunidade científica e tecnológica. O Novo PAC, anunciado em agosto de 2023, prevê recursos do FNDCT/MCTI para a Fase II do Projeto Sirius, contemplando a construção de dez novas estações de pesquisa e a otimização das instalações.
Até junho de 2024, foram repassados R$ 2,25 bilhões para a Fase I e R$ 125 milhões para a Fase II do Sirius. Estão previstos mais R$ 675 milhões para a conclusão da Fase II, que totalizará R$ 800 milhões.
As novas linhas previstas permitirão ao Sirius atender a um número ainda maior de usuários acadêmicos e empresariais, ampliando as possibilidades de pesquisa. Além disso, os investimentos na estrutura civil e de aceleradores vão aumentar o número de estações experimentais, otimizando os resultados, já que cada linha de luz opera como uma instalação independente.
Sobre o CNPEM
O CNPEM compõe um ambiente científico de fronteira, multiusuário e multidisciplinar, com ações em diferentes frentes do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I). Organização social supervisionada pelo MCTI, o CNPEM é impulsionado por pesquisas que impactam as áreas de saúde, energia, materiais renováveis e sustentabilidade. Responsável pelo Sirius, maior equipamento científico já construído no Brasil, o CNPEM desenvolve o Projeto Orion, complexo laboratorial para pesquisas avançadas em patógenos.
Equipes altamente especializadas em ciência e engenharia, infraestruturas sofisticadas abertas à comunidade científica, linhas estratégicas de investigação, projetos inovadores com o setor produtivo e formação de pesquisadores e estudantes compõem os pilares da atuação deste centro único no país, capaz de atuar como ponte entre conhecimento e inovação. O CNPEM opera os Laboratórios Nacionais de Luz Síncrotron (LNLS), Biociências (LNBio), Nanotecnologia (LNNano) e Biorrenováveis (LNBR), além da Ilum Escola de Ciência, um curso de bacharelado em Ciência e Tecnologia, com apoio do Ministério da Educação (MEC).