Prefeitura homenageia o histórico ambientalista Walmir Geraldi ao entregar reforma da praça da Mata

(parque agora tem brinquedos de madeira. mesas para piquenique, redário (para se colocar redes), “PARCÂO” (uma área para cães brincarem), reforma do campo com “arquibancada ecológica” e da pista de caminhada, espaço para mães e bebês e um palco de madeira, ainda em remodelação).

O prefeito Dário Saadi e diversas outras autoridades entregaram a remodelação da antiga praça da Mata de Santa Genebra (mais conhecida como praça “Peroba Poca”), na manhã deste domingo, 08 de junho, com uma primeira homenagem ao histórico ambientalista Walmir Geraldi, falecido em 2007, mas que foi um dos que lutou pela preservação da Mata. Mas Geraldi também lutou por diversos outros fragmentos arbóreos, nascentes e rios e contra empresas poluidoras em Campinas e região entre os anos 1970 e início dos 2000, foi integrante do movimento “SOS Barão” junto com Valdir Terrazan nos anos 1980, fundador e integrante do 1ºConselho Distrital de Barão Geraldo, presidente da ong PROESP (Sociedade Pró Especie), e integrante do 1º Conselho Municipal de Meio Ambiente. Era funcionário eletrotécnico da Unicamp e um dos líderes dos moradores da Vila São João.

Essa área de lazer do Bosque de Barão, localizada ao lado da Mata de Santa Genebra, recebeu brinquedos de madeira, mesas para piquenique, “Parcão”, redário e uma área destinada à prática de yoga. O investimento, de mais de R$ 388,1 mil, é fruto de uma compensação ambiental de um empreendimento imobiliário e realizada pela empresa COMURB e Global Ambiental, com projeto da Roncatto Paisagismo. E a entrega da praça marcou o encerramento da 25ª SEMEIA – Semana do Meio Ambiente de Campinas.

Participaram do evento os secretários do Clima, Braz dos Santos Adegas Júnior – e de Serviços Públicos – Ernesto Paulella, responsável pelas obras – o presidente da Fundação da Mata Rogério Menezes (FJPO – Fundação José Pedro de Oliveira), e o coordenador do PIC (Primeira Infância Campineira), Thiago Ferrari, do ex secretário e vereador Valdir Terrazan, da empresa responsável pela obra, além de integrantes da família de Walmir, e alguns funcionários municipais e moradores.

Quem falou pela família foi a neta de Walmir, Giovana, nascida 2 dias antes de seu falecimento em dezembro de 2007, mas que “herdou” “inumeras histórias de aventuras do avô e loucuras que ele fez pela Mata”: “É muito lindo e gratificante ver toda essa homenagem, que todo o esforço dele está sendo visto de uma forma tão linda. É um dia que ficará marcado na vida de nossa familia e de muitas pessoas que conheceram ele.

O autor da lei que dá o nome de Walmir Geraldi para a praça, o ex-vereador Valdir Terrazan relembrou a trajetória do ambientalista. “Todo o histórico ambientalista e preservacionista de Barão Geraldo foi encampado pelo Walmir, ele deu a vida pela causa. Sem dúvidas essa é uma homenagem mais que merecida”, conta. “Ele deixou um legado muito grande“, completou.

Terrazan lembrou que o Walmir era uma pessoa “fora do normal” Que nos anos 1980 frequentemente ele ia acorda-lo para adentrar em vários fragmentos de matas de Campinas (inclusive o Ribeirão das Pedras e a Mata Santa Genebra que ainda não era fechada) para fiscalizar, fotografar e derrubar armadilhas (giraus) de caça de animais silvestres. “Eu dizia pra ele que o dia que formos assassinados aqui nem as famílias e nem os urubus vão achar a gente, porque a mata era extremamente fechada. “.

Valdir lembrou também que muitos dos documentos, pedidos de tombamentos, abaixo-assinados feitos nas lutas por preservação foram redigidos na casa de Walmir na Vila São João. Inclusive a fundação do Conselho Distrital de Barão foi elaborado la. Então a casa dele virou escritório inclusive da PROESP. “Mas a bandeira principal do Walmir foi a Mata e não foi à toa que a homenagem foi feita aqui. Inclusive as cinzas do corpo dele foram jogadas na Mata. Ele dizia que a Mata não sobrevivia sozinha, e havia muita invasão e ele estava sempre preocupado com isso diziam que “essas causas vão acabar me matando“. Terrazan também lembrou que Walmir também coordenou diversos plantios de árvores em várias praças de Barão. “As batalhas de Walmir foram inumeras, fez muito por Barão, Campinas e pelo meio ambiente, inclusive a nível regional” (lembrando à luta contra uma usina de queima de borra da Petrobrás que foi sendo transferida de municípios devido às denuncias dos ambientalistas).”Por isso tudo a homenagem é bem merecida, parabens pela homenagem e pela praça feita em parceria e que a gente continue nesse marco essa batalha na defesa do Meio Ambiente” – disse Terrazan.

Na entrega o prefeito Dário Saadi ressaltou a importância de pessoas como Walmir: “É muito importante reconhecer o trabalho das pessoas que fazem a diferença em nossa sociedade. Porque as Políticas públicas de preservação e enfrentamento das mudanças climáticas são responsabilidade do poder público, mas o meio ambiente é responsabilidade coletiva de todos. Isso não é pra tirar a responsabilidade dos governos Mas para fortalecer a consciência ambiental E para isso precisamos ressaltar, parabenizar e eternizar os exemplos que devem ser seguidos, como foi o caso do Walmir”, disse Saadi parabenizando a família pelo apoio e a Valdir e à lembrança. “E sem dúvida , onde ele estiver vai estar feliz hoje em ver essa praça bonita e que sem dúvida vai melhorar a vida dos moradores e vai sem dúvida melhorar a consciência ambiental.”

O prefeito também anunciou que o Ministério Publico Federal está destinando verbas de compensação ambiental para a Mata e que por isso “A mata será um complexo de preservação desse fragmento da Mata Atlântica mas também de educação e conscientização ambiental e se der certo voces terão orgulho com as mudanças. Mas isso temos que primeiro fazer.

O presidente da FJPO, fundação da Mata, Rogério Menezes relembrou que a Fundação da Mata e a luta ambientalista de Campinas já existia antes da primeira legislação nacional do Meio Ambiente, relembrando o pioneirismo de Magalhães Teixeira e Paulo Nogueira Neto e da luta ambientalista de Walmir Geraldi . “Tem muita gente que se diz ambientalista , mas tem outros que dá a vida pela Natureza. Que vem, constrói, bota a cara, entra, derruba armadilha, planta árvore. Por tudo isso, o Walmir é um dos pioneiros do movimento ambientalista em Campinas e no Brasil, porque Campinas estava influenciando o Brasil na época“. Rogério anunciou que também através de Compensação ambiental com a MRV, irão derrubar a atual sede da Fundação, feita de madeira e construir um novo prédio com anfiteatro e um “Departamento Técnico Científico” com previsão de término em Outubro.

O secretário do Clima e Meio Ambiente, Adegas Jr, não quis repetir tudo e preferiu falar da 25ª SEMEIA – Semana do Meio Ambiente em Campinas , iniciada em 2 de Junho e encerrada com a entrega da praça Walmir foram mais de 100 atividades realizados de forma integrada, tanto por várias secretarias da Prefeitura, como por ONGs, universidades, autarquias, sociedade civil e a Mata Santa Genebra . E o Walmir fez a diferença e é isso que precisamos. Porque as questões ambientais e o momento atual, chegou a hora de se termos de fazer mitigação e não mais prevenção! A responsabilidade é dos poderes publicos mas como o meio ambiente não tem fronteiras, o poder publico não consegue atuar sozinho. A responsabilidade é nossa, e da sociedade , dos moradores em geral. Isso émuito importante porque voces que irão usufruir.” disse Adegas Jr , agradecendo a presença de todos.

O que foi feito na “Nova concepção sustentável” de praça

A praça recebeu mesas para piquenique, redário (para se colocar redes), mini academia, “PARCÃO” (uma área para cães brincarem), reforma do campo com “arquibancada ecológica” e da pista de caminhada, espaço para mães e bebês e um palco de madeira (ainda em remodelação), e playground com brinquedos de madeira feitos com materiais reciclados e são inspirados em modelos que devolvem às crianças o direito à cidade e à conexão com a natureza. E o plantio de mais 30 árvores nativas. O espaço visa oferecer um ambiente inclusivo e multifuncional para lazer, descanso, aprendizagem e interação social ao ar livre, promovendo saúde e bem-estar.

O Secretário de Serviços Públicos Ernesto Paulella (um dos que coordenou o projeto) disse que é com carinho que ve essa “nova concepção de praça” : sustentável com a utilização de galhos que cairam na propria Mata e que é um novo processo de produção seriada de equipamentos que antes traziam problemas residuais para os moradores. Ele também relembrou que quem intermediou a negociação da doação da Mata para o Município no início dos anos 1980 foi o professor do Instituto de Física, Rogério Cerqueira Leite e que ele, Paulella ficou responsável pelo fechamento da Mata com alambrados ainda em 1981 que são os mesmos atuais.

Mata deve realizar mais uma homenagem a Walmir

Walmir Jose Geraldi nasceu em 19 de julho de 1947 em Campinas no Jd. Chapadão onde seus pais moravam. Era filho do Carpinteiro José Geraldi e da dona de casa Generosa Aparecida Fantini Geraldi que era funcionária estadual do I.A.C. (instuto Agronomico de Campinas), na Fazenda Santa Elisa. Ele fez o curso de Técnico de Eletrônica no colégio Culto à Ciência e Quando era adolescente, seus pai conseguiu emprego como carpinteiro na Fazenda Rio das Pedras e sua família veio morar na Fazenda, onde conheceu sua ex esposa Celene Peron. Nessa época, após se formar Walmir trabalhou na histórica empresa Kleber (que ficava ao lado da atual “praça do Côco”) . E depois , passou em concurso da Unicamp.

Conforme Valdir Terrazan e memórias do próprio Jornal de Barão quando ainda era empapel, Walmir participou da campanha pela preservação da Mata Santa Genebra , ainda em 1980, do movimento SOS Barão pela preservação da Mata do Recanto Iara, e do Conselho Distrital de Barão Geraldo pela preservação da Mata Linear do Ribeirão das Pedras , das matas das Fazendas Santa Genebra e Rio das Pedras, contra uma fábrica de baterias no Real Parque, contra a instalação de uma usina poluidora da Petrobrás, e de várias outras lutas ambientais em Campinas e Região – ainda nao catalogadas – Além de inúmeros plantios de árvores em dezenas de praças que ele mesmo coordenava.

Para Celene Peron Geraldi, viúva de Walmir, a homenagem deixa a família muito feliz. “Ele merece essa homenagem. O Walmir levantava aos domingos às 6 horas da manhã para plantar árvores. Ele fez muitas coisas e tenho certeza que se fosse vivo ainda estaria fazendo“, comentou.

Uma das filhas de Walmir, Adriana Aparecida Geraldi conta que ele era “100% pela causa ambiental” e que a homenagem é muito merecida. “Nós acompanhamos a luta dele, crescemos – eu e minha irmã – vendo as árvores serem plantadas e ele militar nessa causa”, conta. “Aquece nossos corações saber que meu pai deixou um legado tão bonito para Barão Geraldo e pra toda a região“, completou. Além de Celene e Adriana, Carolina, também filha do homenageado, e as netas Júlia e Giovana também participaram do evento.

Solicitamos ao presidente da Fundação da Mata, Renato Menezes, para realizar uma homenagem a Walmir na FEIRATA , que será realizada em 5 de Julho

(Texto de Arney Barcelos e Patrícia Coutinho) fotos de Fernanda Sunega)

recorte do informe do falecimento de Walmir Jose Geraldi no jornal Correio Popular de dezembro de 2007