JB: Hoje, vamos novamente conversar com Tak, o advogado e diretor do CPDI do IBRACHINA. Nosso enfoque de hoje é sobre a rica cultura musical que floresce nas periferias de nossa cidade. Tak, obrigado por se juntar a nós novamente. Poderia começar compartilhando conosco a importância dessas manifestações culturais?
TAK: Obrigado pelo renovado convite. A cultura nas periferias é um reflexo vibrante e autêntico das vivências e histórias de seus moradores. Ela é essencial, pois não apenas entretém, mas também preserva a identidade, a história e os valores da comunidade. Além disso, é um meio poderoso de expressão e, muitas vezes, de resistência social.
JB: Você já tem se reunido com os vários grupos que representam diferentes vertentes da cultura musical ? Como esses encontros têm impactado na visão dos seus projetos?
TAK: SIm tive vários encontros extremamente enriquecedores! Por exemplo, o “Samba da Quebrada“, do Jardim São José e o “Samba do Presidente” do Jardim São Marcos mostram como o samba, mais do que um ritmo musical, é uma celebração coletiva da vida e das lutas cotidianas. O jovem MccW7, da região do Campo Grande com seu rap, nos dá uma visão crua e direta dos desafios enfrentados pela juventude nas periferias.
A Escola de Samba Estrela D’Alva, da Vila Costa e Silva, uma agremiação tradicional de Campinas que existe há mais de 50 anos, destaca a importância da continuidade cultural e o papel das gerações anteriores na transmissão de conhecimento. Por fim, o Bloco Beeiro utiliza uma abordagem criativa para engajar a comunidade, começando com seu nome que está relacionada com as abelhas, além de anualmente realizar grandes manifestações de rua no período do carnaval. Estas interações nos ajudam a direcionar nossos projetos para apoiar essas expressões culturais de forma que ampliem seu alcance e impacto.
JB: Qual a importância desses grupos culturais para a comunidade local, especialmente os jovens?
TAK: Eles são fundamentais. Além de serem uma forma de os jovens se expressarem e processarem suas experiências, esses grupos também funcionam como pontos de encontro seguros onde podem aprender, crescer e se inspirar uns nos outros. Para muitos jovens, participar desses grupos é uma alternativa ao envolvimento com atividades menos construtivas e, até mesmo, perigosas.
JB: Há algum projeto específico que esteja em elaboração para apoiar essas manifestações culturais?
TAK: Atualmente estamos na fase de programação de alternativas que oferecem não apenas suporte financeiro, mas também formação em gestão cultural, produção de eventos e marketing digital. Queremos que esses artistas não apenas criem, mas também tenham ferramentas para gerir suas carreiras e projetos de forma sustentável.
JB: Com base em sua experiência, como você acredita que a cultura pode ser um vetor de transformação social?
TAK: A cultura tem um poder transformador incrível. Ela pode unir as pessoas, transcender barreiras sociais e econômicas e servir como uma plataforma para diálogo e mudança. Através da música, do teatro, da dança e de outras formas de arte, as pessoas podem expressar suas aspirações, frustrações e esperanças, o que pode incentivar a reflexão e a ação social.
JB: Por fim, Tak, que mensagem você gostaria de deixar para nossos leitores sobre o valor da cultura nas comunidades periféricas?
TAK: Gostaria de encorajar todos a reconhecerem e apoiarem as manifestações culturais em suas comunidades. Cada expressão cultural é uma voz que conta uma história, e ouvir essas histórias é fundamental para entendermos e melhorarmos nossa sociedade. Apoiar a cultura é, portanto, investir no futuro de nossa comunidade.
JB: Tak, agradecemos imensamente por compartilhar sua visão e experiência conosco. Esperamos que sua paixão pelo apoio à cultura inspire muitos de nossos leitores a se engajarem e contribuírem para o bem comum.