JB: Dr. Tak, obrigado por nos receber novamente. Hoje, queremos lhe perguntar sobre um tema crucial e polêmico: as Mudanças Climáticas e seu impacto em Campinas e é claro em toda a região. Como você vê a situação atual das mudanças climáticas no Brasil especialmente em nossa cidade?
Tak: Olá, obrigado . As Mudanças Climáticas estão se tornando cada vez mais evidentes em Campinas. Estamos vendo um aumento na frequência e intensidade de eventos climáticos extremos, como tempestades e enchentes. A tragédia recente no Rio Grande do Sul acendeu um alerta para a necessidade urgente de prepararmos nossas cidades para enfrentar esses desafios. Vale lembrar que meu envolvimento com questões ambientais é antigo. Como presidente da Comissão de Meio Ambiente da OAB Campinas, criei o “DISK DENÚNCIA VERDE”. Além disso, fundei a ONG “Amigos da Cidadania e do Meio Ambiente – APROCIMA“, onde lançamos o projeto ECOBIO, que transforma óleo de cozinha usado em biodiesel, e que inclusive recebeu o Prêmio Prata de “Responsabilidade Ambiental”. Com essa experiência, vejo a urgência de ações efetivas e contínuas para mitigar os impactos das mudanças climáticas em nossa região.
JB: Ah então o senhor já tem um envolvimento antigo com a questão ambiental, o que fortalece sua opinião sobre o tema. E para o senhor quais são os pontos mais críticos em Campinas em relação a esses eventos extremos?
TAK: Existem vários pontos críticos na cidade. As Avenidas Orosimbo Maia e Princesa d’Oeste são áreas que frequentemente sofrem com enchentes devido às bacias dos córregos Serafim e Proença, respectivamente. Esses locais já registraram mortes devido a inundações. Outro exemplo é o Distrito do Ouro Verde, onde o Córrego Santa Lúcia frequentemente transborda, causando sérios problemas para a comunidade local.
JB: Em janeiro de 2023, Campinas enfrentou um grande temporal que causou destruição significativa. Como você avalia a infraestrutura atual da cidade para lidar com tais eventos?
TAK: A infraestrutura de Campinas é, em grande parte, antiga e inadequada para lidar com a intensidade dos eventos climáticos que estamos vivenciando atualmente. As obras existentes foram dimensionadas para uma realidade climática diferente. Precisamos urgentemente de um plano de readequação das estruturas hídricas para melhorar o escoamento e reduzir alagamentos e inundações.
JB: Que medidas imediatas podem ser tomadas para mitigar esses problemas?
TAK: A curto prazo, precisamos de intervenções pontuais nas áreas mais vulneráveis, como a desobstrução e ampliação dos canais de escoamento e a instalação de sistemas de alerta para a população em casos de chuvas intensas. Além disso, é essencial investir em obras de drenagem e na revitalização das margens dos córregos para aumentar a capacidade de absorção de água.
JB: Além das ações de emergência, quais são as soluções a longo prazo para tornar Campinas mais resiliente às mudanças climáticas?
TAK: A longo prazo, precisamos de um planejamento urbano sustentável que incorpore soluções baseadas na natureza, como a criação de parques lineares e áreas verdes que ajudem na absorção de águas pluviais. É crucial também revisar e atualizar o plano diretor da cidade para garantir que o crescimento urbano considere os riscos climáticos. Além disso, é essencial incorporar a educação para as mudanças climáticas no currículo das escolas de Campinas. Os jovens, que serão mais afetados por essas mudanças, precisam estar preparados para enfrentar essa nova realidade. Isso inclui entender os impactos das mudanças climáticas, aprender sobre práticas sustentáveis e desenvolver habilidades para adaptação e mitigação. Quando educamos nossos jovens, estamos investindo no futuro de nossa cidade e criando uma geração consciente e capacitada para lidar com os desafios climáticos.
JB: Como a comunidade pode se envolver e ajudar a mitigar os impactos das mudanças climáticas?
TAK: O engajamento da comunidade é fundamental, e ela pode se envolver de várias maneiras, desde participar de programas de reflorestamento e recuperação de nascentes até adotar práticas sustentáveis em suas casas, como o uso consciente da água e a gestão adequada de resíduos. Além disso, a população deve estar ativa em fóruns e discussões sobre políticas públicas, pressionando por ações efetivas e transparentes por parte das autoridades.
JB: Considerando a urgência da situação e as eleições neste ano, quais são as expectativas para a ação de um governo municipal eleito?
TAK: Esperamos que o novo governo municipal eleito neste ano adote uma postura proativa e transparente, implementando políticas públicas que priorizem a resiliência climática. Isso inclui a alocação de recursos para obras de infraestrutura, o desenvolvimento de programas educativos e a promoção de parcerias com o setor privado e organizações não governamentais para enfrentar os desafios de forma conjunta e eficaz.
JB: Para finalizar, que mensagem você gostaria de deixar para nossos leitores sobre a importância de enfrentar as mudanças climáticas?
TAK: As mudanças climáticas são uma realidade que já está afetando nossas vidas. Precisamos agir agora, de forma coletiva e consciente, para proteger nossa cidade e garantir um futuro sustentável. Cada ação, por menor que seja, pode contribuir para a resiliência de nossa comunidade. Juntos, podemos fazer a diferença e transformar Campinas em um exemplo de adaptação e sustentabilidade. Temos que impedir que novas mortes aconteçam devido aos eventos climáticos extremos, que infelizmente virão com mais frequência e com mais intensidade.
JB: Tak, agradecemos por compartilhar sua visão e conhecimento conosco. Esperamos que esta conversa inspire nossos leitores a se engajarem e a contribuírem para um futuro melhor e mais sustentável.
TAK: Eu que agradeço a oportunidade. Vamos trabalhar juntos por uma Campinas mais segura e resiliente.
(enrtevista por Arney Barcelos)