As ruas estreitas do bairro Terras de Barão há anos é fonte de vários conflitos entre os moradores e várias instituições criadas para executar serviços e direitos aos próprios moradores. Porém, com o aumento de veículos, esses conflitos vem se agravando. Vários moradores reclamam de várias dificuldades em direitos mínimos como: estacionar carros ou receber visitas de parentes em frente suas casas [porque muitas vezes o vizinho da frente também estaciona e aí não dá passagem para outros veículos , como da própria segurança do bairro). A solução da maioria é estacionar com duas rodas sobre as calçadas. Porém as calçadas também são absurdamente estreitas, além de geralmente ter plantas e árvores obrigando a caminhada pelas ruas , tendo que contornar os carros. O problema trás perigos de acidentes, prejuízos [raspar ou riscar veículos] ou risco de atropelamentos até de crianças ou idosos [já ocorreu alguns casos) ou acidentes mais graves. Mas também a solução de estacionar em frente de casa também pode impedir o direito de cada um não apenas de visita de pessoas ou da coleta de lixo, mas também de veículos de urgência , como ambulâncias, SAMU, do P.A.I., polícia, caminhões de entrega ou veículos maiores.
No dia 5 de agosto ocorreu mais um episódio da dificuldade dos coletores em recolher o lixo nas ruas do bairro, quando os coletores da Renova Ambiental deixaram de realizar a coleta em 4 vias do Terras . Na foto abaixo que publicamos na rua Nilce Ferreira de Souza, depois do caminhão buzinar várias vezes e os coletores baterem de porta em porta das casas pedindo para tirar os carros, um OUTRO prestador de serviços como TV a cabo sai para tirar o carro da rua para que o caminhão da Renova pudesse passar
As reclamações e situações enfrentadas no dia a dia deixam claro um evidente erro de projeto da empreendedora Terras do Barão mas que foi aprovado pela Prefeitura. O projeto do Residencial Terras de Barão foi regulamentado pelo decreto nº 13781, de 28 de Novembro de 2001 e aprovado na Câmara no dia posterior. Hoje são cerca de 600 residências com mais de 2400 moradores
A moradora Beatriz Almeida, por exemplo, reclama que não pode receber a visita de sua mãe, que tem uma camionete porque, em várias ocasiões, ela precisou voltar de ré e dar a volta pela outra ponta pra conseguir entrar na rua. Porém Beatriz também considera que é “injusto o morador não poder receber uma visita porque não se pode deixar o carro na porta.”
A moradora Elizete Bragalia diz que em algumas calçadas do bairro é impossível passar por ter plantas ou árvores que impedem a passagem. “Sendo assim a passagem só acontece pela rua . É errado! As árvores precisam ser podadas para não impedir a passagem de pedestres” disse ela
Outra moradora , Benedita Silva, ou Beni, diz que já encontrou trânsito parado algumas vezes devido a haver carros estacionados paralelamente em cada calçada “de modo que não consegui passar e tive que retornar“.
Certamente sobre as calçadas, Paola Clothers também citou o fato de alguns moradores “pintarem o portão com compressor sem avisar os vizinhos”
Há também outras reclamações de quem não quer deixar o nome: Árvores e plantas que ocupam a calçada inteira, moradores que não conseguem manobrar o carro para coloca-lo na garagem devido ao carro do vizinho da frente estar estacionado na calçada em frente, ou relato de criança atropelada por uma bicicleta porque estava na rua contornando um carro, etc.
A moradora Cristina Yanke diz que também enfrenta o mesmo problema de não poder estacionar normalmente em frente sua casa, porque sua vizinha da frente também não pode pois assim, ambas impedem a passagem de carros maiores. E por isso, segundo ela, a maioria resolve colocar duas rodas do carro sobre a calçada para dar espaço suficiente na rua. Porém, tal solução, além de ser proibido pelo CTB [Código de Trânsito Brasileiro] e passível de multa, também não é uma boa solução, devido às calçadas serem estreitas demais e isso impedir a passagem das pessoas.
Mas Cristina reclama da Associação de Moradores. Segundo ela, primeiro ela e a vizinha receberam um “bilhete agressivo e anônimo” nos para-brisas dos carros criticando-as por parar com 2 rodas sobre a calçada e não na garagem. Por isso ela ligou na Associação para perguntar se foram eles, e ela diz que foi atendida com grosseria e com uma resposta “irônica” de que deveria deixar o carro na garagem. E isso acabou gerando conflito: “O problema é que Associação está querendo obrigar as pessoas a manterem os seus carros na garagem ao invés de encontrar formas de resolver o problema. Então eu vou continuar deixando o carro onde a lei me permite. Na via pública. Não existe lei que me obrigue a só deixar o carro na garagem” -declarou. Ela diz que as pessoas colocarem 2 rodas sobre a calçada foi a unica maneira de amenizar o problema das ruas estreitas, apesar de estar longe de ser a forma correta. Para ela, a Associação – como gestora – deve procurar uma solução melhor para todos e que não puna apenas alguns.
A Associação dos Proprietários do Residencial Terras de Barão nos respondeu em vários aspectos. A presidente e moradora Elisangela Rodrigues Nalon, declara inicialmente que a Associação não determina ou obriga a colocar o carro na garagem e que apenas orienta com propostas que sejam melhor para todos . Segundo ela, houve uma moradora que foi agressiva e grosseira com a Associação, xingando e dizendo que não iria “acatar ordens” mas que foi a única a reclamar: “Não cabe à Associação proibir à ninguém colocar seu veiculo sobre a calçada, pois isso ja é proibido pelo Código de Trânsito Brasileiro e nem de autorizar a estacionar o veículo onde quer que seja pois isso não é de nossa alçada. Apenas apresentamos soluções que sejam melhor para todos” disse Elisangela .
Segundo Nalon a Associação não tem como função solicitar à EMDEC a mudança das leis de trânsito ou mesmo pedir para multar alguém . “Também não temos como questionar a aprovação da prefeitura em 2001.” A presidente da Associação fala que uma das questões envolvida é que a coleta de lixo é serviço essencial e alguns moradores vem sendo privados desse serviço devido à essa dificuldade de passar na rua onde ha carros estacionados em cada lado da rua. E lembra também que muitos idosos fazem caminhada pelas ruas do bairro , sem falar dos prestadores de serviço em geral: ” E todos são obrigados a circular pela rua já que as calçadas servem para os carros” – declarou. Nalon lembrou ainda que o Terras do Barão não tem rotatórias de entrada na Estrada da Rhodia, nem sinalização, nem lombadas, e onde ha tráfego em alta velocidade e a EMDEC não toma providências.
EMDEC SÓ SE PRONUNCIA SE SOLICITADA
Questionada sobre o caso das ruas estreitas a EMDEC Empresa Municipal para o desenvolvimento de Campinas) – que é responsável pela administração do trânsito no município, não se prontificou sobre o caso. Perguntou se algum morador tinha feito um pedido à Empresa e depois a assessoria de imprensa da empresa apenas reforçou a proibição do estacionamento em cima da calçada: declararam que, de acordo com o Artigo 181 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), Inciso VIII, estacionar o veículo no passeio ou calçada) ou sobre faixa destinada a pedestre é uma infração “Grave”, sujeita à aplicação de multa no valor de R$ 195,23; lançamento de cinco pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH); e remoção do veículo.
“A situação relatada dificulta a circulação de pedestres no passeio e está incluída no artigo citado. Lembrando que o pedestre é a parte mais frágil na dinâmica da circulação e é dever dos demais agentes do trânsito zelar pela sua segurança, tendo como objetivo final a Preservação da Vida. ” – diz a nota.
Enfim a impressão que ficamos no Jornal é que a EMDEC só pode estudar os fatos e tomar uma decisão se provocada ou solicitada pelos moradores; “A população pode denunciar situações como as relatadas pelo telefone 118, o “Fale Conosco EMDEC”.
A empresa Terra do Barão empreendimentos também não respondeu às questões colocadas Se tinham consciência de que isso aconteceria após o bairro estar praticamente ocupado).
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