O Conselho Universitário da UNICAMP irá discutir nesta terça, 30/5 às 9h, a adoção de cotas étnico”raciais” no vestibular e em todos os seus programas de admissão. O STU (Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp) decidiu em Assembléia paralisar as atividades em prol da discussão. Mas devem parar parcialmente apenas as faculdades de Humanas (IEL, IFCH, FE, IE e IA). Por isso, o Núcleo de Consciência Negra da Unicamp, junto com STU Adunicamp e diversos movimentos que lutam pelas cotas, organizaram um festival de arte que começa hoje, 29/5, com apresentação de rappers, capoeira no Ciclo Básico, do Urucungos e da cantora Preta Rara no Teatro de Arena e debates. (veja arte abaixo) e mais informações abaixo
A discussão foi decidida como resultado das negociações com os alunos grevistas que ocuparam a reitoria ano passado. A reitoria criou um GT (grupo de trabalho) em 2016 e foram feitos tres debates que resultaram em um documento propondo a adoção de cotas ao CONSU. O documento foi discutido em cada faculdade da Unicamp e agora volta ao Conselho.
A proposta majoritária é do CONSU criar um novo GT para discutir oficialmente uma proposta de implementação progressiva das cotas étnico-raciais, complementada por critérios adicionais em substituição aos atuais programas existentes. O GT elaborará um relatório com proposta concreta sobre o tema, que será novamente debatido nas unidades e órgãos , antes de seguir para decisão final do Consu, provavelmente em novembro deste ano. “Teremos cerca de seis meses para aprofundar a reflexão sobre essa questão e buscar o melhor modelo possível”, analisa o reitor Marcelo Knobel.
A questão é difícil, pois a maioria dos integrantes e professores são contrários à adoção de cotas por cor da pele, embora sejam favoráveis à politicas de inclusão de estudantes de classes mais baixas, com poucas possibilidades de um estudo de alta qualidade exigido pela universidade. O CONSU está dividido em basicamente 3 grupos: Enquanto uma minoria é totalmente contra as cotas – por considerar que irá reduzir o nível de excelência dos alunos ou por considerar que cotas raciais reforçam e fortalecem o racismo, a maioria é favorável à manutenção de politicas já existentes como o programa PAAIS (Programa de Ação Afirmativa para Inclusão Social) que cria bonus nas notas para estudantes de escolas públicas, e o ProFIS (Programa de Formação interdisciplinar Superior), onde os “melhores” estudantes ainda não formados no ensino médio de Campinas são escolhidos e cursam 2 anos e ao terminar o ProFIS, o aluno pode ingressar diretamente em um dos cursos de graduação da Universidade sem precisar fazer o Vestibular.
Para o coordenador do Núcleo de Consciencia Negra e diretor do STU , Teófilo Reis, “Trata-se de um momento muito importante na história da universidade a democratização do acesso é pauta antiga, que o STU defende de longa data, inclusive como resolução de congresso.” Reis diz que é fundamental que os defensores das cotas incorporem-se à mobilização, participando do festival que começa hoje e na concentração em frente à Reitoria terça, 30/5, a partir das 7h.