Casos como a da cachorrinha no Carrefour de Osasco sempre ocorreram em Barão Geraldo e, conforme dizem muitas cuidadoras, ainda continuam acontecendo impunemente. Além disso a pratica de “maus tratos” são constantes. Ambos são crimes previstos pela Lei 9605 de 1998 além de várias outras correlatas. maus tratos , aliás já é crime desde 1941 podendo dar 1 mes de prisão e multa e talvez por isso mesmo , raramente cumprido. Mas há um problema grave: Como identificar e provar quem são os autores?
Nessa reportagem relatamos alguns casos (em que as pessoas publicamente relataram) , entrevistamos algumas pessoas e autoridades e informamos como as pessoas devem proceder.
Ha alguns meses o Jornal de Barão ficou sabendo de vários casos de assassinatos de animais em vários bairros: Santa Isabel, C. Universitária, Terras do Barão, Parque das Universidades , Village etc Entretanto, é bastante difícil amarrar diversos casos devido à falta de informações e o medo das pessoas e dificil também juntar as diferentes pessoas num movimento para tentar barrar tal pratica.
Em janeiro desse ano a moradora do Terras do Barão, Priscilla Trindade, encontrou veneno de rato jogado no fundo de sua casa e teve que levar seus cães a um veterinário para desintoxicação. Ela ja havia recebido um bilhete assinado “vizinho” reclamando dos cães e dizendo que ela “resolvesse o problema” em tom de ameaça. O fato causou revolta entre vários moradores porque essa não foi a primeira vez que isso acontece no bairro:
“Estou indignada! Tive que arcar com 1500 reais de custos do veterinário além de todo o tempo perdido por causa de uma pessoa sem coração, que é capaz de prejudicar dois cachorros inofensivos Mas graças a Deus eles já estão em casa e estão bem. Mas chorei a noite inteira e já estou procurando outra casa.” – disse Priscilla.
Além disso outra ex moradora do bairro reclamou que mataram seu labrador, ha 3 anos, por envenenamento por chumbinho e que chegou a “levar o autor à delegacia” mas que não havia como provar que era ele.
A ameaça levaram os moradores a organizarem um “Ato Pró Cães” no bairro que contou com a presença de dezenas de moradores que fizeram uma passeata pelo bairro com seus cães. Segundo uma das moradoras que organizou o ato, Cris Boris , já houve ameaças contra seus animais também apenas por latirem. Além de varios casos de animais que desapareceram.
“Aqui no Terras apareceu um gato morto envenenado no jardim de uma amiga ao lado havia um vomitado de biscoitinho vermelho e preto.”
VILA HOLÂNDIA E ARMADILHAS
Na Vila Holãndia, em frente ao Terras do Barão e próximo à Mata do Quilombo e Guará também já houve diversos casos. Recentemente a moradora Luciana Soares ouviu os uivos de um cachorro chorando forte e constante e chamou o arborista e bombeiro Alexandre Queiroz que conseguiram achar o cachorro que ficou preso numa armadilha de pegar capivaras. Segundo Queiroz o cachorro estava preso, com muita sede e fome e a pata machucada pela armadilha.
Dias depois Alexandre com amigos fizeram uma varredura nas margens do Ribeirão Anhumas e encontraram diversos tipos de armadilhas que provavelmente são feitas para pegar capivaras e outros bichos que ele crê ser para alimentação mesmo. Além de gaiolas , também fazem armadilhas com tubos com só uma saida e também laços de cabos de aço que prendem as patas dos animais. “Esses laços pegam as patas dos animais e quanto mais eles se debatem, mais ele aperta” – disse.
Mas como disse Alexandre, o problema é que quem está caindo nessas armadilhas são cachorros perdidos da região. Algumas delas os responsáveis nem vão buscar São perigosas porque podem pegar crianças e até adultos que não tomam cuidado: “O triste é que encontramos um corpo de um cachorro preso em um desses “laços de capivara” , que ja estava em decomposição. Pela forma, ja fazia uns 4 meses que esse cachorro caiu nessa armadilha e morreu Já estava so a carcaça…”.
Alexandre acha que ainda ha muitas pela região e por isso pretende organizar um mutirão com uma equipe de várias pessoas para fazer um “arrastão” nas áreas de matagais para localizar tais armadilhas porque ele sabe que ainda tem muitas escondidas.
Ele pede que quem for da região que ligue para polícia e denuncie essas armadilhas para que isso não aconteça “Se não fizermos isso, muitos cachorros e outros animais serão mortos e nem sabemos. Vamos denunciar ajudem porque pode ser o seu cachorro a cair nessas armadilhas”
Alexandre disse também que acabou de presenciar um rapaz
VILA SANTA ISABEL
Um dos casos mais graves foi dos gatos de Li Benavente, moradora da Vila Santa isabel, que em junho e julho encontrou dois de seus gatos assassinados próximo de sua casa “com golpes do lado esquerdo do rosto, da mesma forma que havia achado outro dos meus gatos poucas semanas antes”.
E depois disso um terceiro gato dela, o Cuchito, tambem foi agredido mas conseguiu fugir de volta pra casa. E Li só descobriu por volta das 23 horas quando achou ele sob a cama sangrando muito com hematomas e com a mandíbula e os dentes completamente arrebentados.. Com a ajuda do vizinho o levou no Hospital Veterinário do Taquaral, e os funcionários lhe disseram que eram ferimentos tipicos de um chute forte de baixo para cima. E lhe informaram que estava havendo uma onda de ataques a gatos com padrões de agressão em que os atacantes atraem o animal e colocam uma sacola no rosto dele para imobilizá-lo, antes de começarem a espancar o bichinho até a morte. “Eu fiquei em choque ao saber do modus operandi desses monstros que fazem isso. Já ouvi outros relatos de casos similares em Barão. É preciso que as pessoas saibam que seus pets estão correndo esse perigo! Todo cuidado é pouco!”
No caso do Cuchito, ele sobreviveu com sequelas sérias e os últimos dois meses de tratamento foram muito complicados devido à gravidade dos ferimentos: ele teve a mandíbula destruída, com a necrose de um dos ossos e praticamente todos os dentes do palato superior quebrados. E como os gastos eram muito altos Li realizou uma rifa para ajudar a cobrir os custos de internação, procedimentos cirúrgicos e remédios.
Li diz que não fez B.O. mas que falou com a polícia e que agora voltou a ter ronda noturna na Vila Santa Isabel (que ficou parada por alguns meses “por falta de verba”). Mas ela informa que muitas outras amigas de outros bairros também seus pets desapareceram e que fizeram B.O . Mas reclamou da pouca capacidade da Polícia nessa questão: “Quando falei com a polícia eles me desanimaram bastante porque não haviam provas. E disseram que o tipo de lesão sofrida pelo Cuchito (no maxilar) para eles poderia ser “qualquer coisa” …” disse
Mas ela e os veterinários perceberam um padrão nas agressões aos gatos : “Golpes secos do lado esquerdo do rostinho do animal. Sangramento de olho esquerdo, ouvido esquerdo, fratura de maxilar inferior esquerdo. Golpe de baixo para cima com fratura lateral de maxilar inferior. Golpe seco porque não havia lesão na pele do animal. A veterinára indicou que era devido ao saco que usavam na cabeça do animal”. – disse
Ela disse que o caso de Cuchito (e seus outros gatos) só ganhou mais força depois conversar e contar os casos com vários conhecidos e amigos que também tinham gatos que sofreram atentados. Atraves das redes sociais soube de outro padrão – que eram lançados pedaços de frango com veneno para dentro das casas. Colega que teve sua cadelinha morta do mesmo jeito (frango envenenado) E um caso narrado por amigas de sua mãe de que “Elas viram dois caras em um carro lançar um gato espancado pela janela perto do CAISM . Mesmas lesões do Cuchito. Mas elas não conseguiram anotar a placa. Elas disseram que socorreram o gatinho. Mas ele não aguentou.” – disse Li Benavente
Ela disse que pretende fazer outra rifa ou algo parecido para terminar de pagar o emprestimo que fez “Ainda estou decidindo, quero somente pagar a dívida e focar numa conscientização maior das pessoas em geral. Seria ótimo se alguém pudesse cuidar de punir os que façam isso daqui para a frente!” – declarou
https://www.facebook.com/SOSCuchito/posts/2232367893716770
PARQUE DAS UNIVERSIDADES
No Parque das Universidades – onde aparecem muitos animais novos, fruto de abandonos – também há inumeros casos de espancamentos, envenenamentos e assassinatos. Um deles já é bem antigo conforme a moradora Fernanda Longhini. Ela conta que ha uns 10 atras outra moradora de nome Vera Soldera envenenou seu cachorro “e muitos outros no bairro”. Fernanda conta que fez a ocorrência “e nem chamaram ela na delegacia! Ela ficou sabendo do BO através de mim” Mas Fernanda diz que o problema é que ela continua matando animais. “Outro dia uma pessoa do bairro comentou que ela possivelmente tinha envenenado os cães dela. Ai Eu fui conversar com eles. Um cão morreu o outro eles levaram embora para uma chácara”.
Em setembro e outubro vários animais apareceram mortos ou feridos. Wilma Barijan contou que duas gatinhas que tinham dono foram envenenadas, levadas para o veterinário. Porém uma não resistiu e a outra ficou internada. Dona Wilma também contou o caso do Elvis, um gato amoroso, que não era dela mas frequentava sua casa Segundo ela ha alguns meses antes ele já tinha sido espancado “quase até a morte”, pois mancava muito, “E agora uma pessoa, filha de Satanás, envenenou o pobrezinho!…. “Vamos achar esse monstro. Nada fica escondido”. – disse. Porque para ela quem faz um crime desses é descoberto ou tem retorno no futuro. Wilma diz que tais envenenamentos estão acontecendo no bairro sempre “E pelo que se tem conhecimento ocorreu 3 vezes na última semana. Sou Bióloga e temos vários biólogos no bairro e tomaremos as providências cabíveis contra tal crueldade.Estamos de olhos bem abertos e não somos tolos.” – ela disse.
E agora – por volta do dia 13/12 um gato da moradora Margareth Somazzi está desaparecido (foto abaixo)
VILLAGE CAMPINAS
Também na região em torno do Village Campinas (como Chácaras Leandro, Vale das Garças, Colonia Tozan, etc) ocorreram e constantemente ocorrem desaparecimentos, envenenamentos e agressões. Um caso que ficou notório foi de um cão de um pesqueiro que vivia preso e mordeu uma menina deficiente e, conforme moradores locais, no outro dia foi morto a pauladas. Outro caso foi de uma cadela de rua que latia para as pessoas ou tentava pegar galinhas e foi envenenada. Também contam que ha uma moradora que tem gatas e quando elas tem filhotes, a dona mata os gatinhos. E os moradores dizem que ha gente que tem rinha de galo
Há vários outros casos, alguns relacionados à conhecida “lagoa dos Mortos” onde dizem que mataram muitos animais, inclusive silvestres, porém não encontramos quem assumisse uma denúncia ou se houve registro de ocorrência de tais fatos , provavelmente por medo.
MAUS TRATOS CONSTANTES
Outro crime que as cuidadoras e ativistas da causa dos pets citam muito também são as variadas formas de maus tratos também previstos na mesma lei. Sobretudo cães presos a correntes no sol e sem agua por muito tempo e passeios em calçadas muito quentes , falta de alimentação, de cuidados médicos, de vermífugos e remedios etc.
Segundo disse cuidadora Elizabeth Villar Guimarães a região tem muitos animais que ficam “assados na corrente dia e noite sem água e sem comida porque o dono vai trabalhar de manhã e só volta de noite. Tem alguns que as fezes ficam sempre no mesmo lugar” Isso ja é um caso para denuncia. Dona Beth sempre tenta quando possível falar com os cuidadores desses animais para pedir que os deixem soltos, informar das leis e cobrar para que tenham responsabilidade.
MATAR OU MALTRATAR ANIMAIS É CRIME
Conforme informou a bióloga Maria Cristina Teixeira Duarte membro da Sociedade de Proteção aos Animais, envenenar animais é um crime previsto na Lei de Crimes Ambientais. Também a Lei 9605 de 12 de fevereiro de 2012 determina penas contra condutas e atividades contra ao meio ambiente, determina em seu artigo 32 que quem praticar abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, mesmo nativos ou exóticos pode ser condenado a prisão de três meses a um ano mais pagamento de multa e o responsável enquadrado em vários crimes como “Crueldade contra Animais” MAS ISSO VAI SER AMPLIADO (veja abaixo) Aliás, maltratar animais já é crime desde a lei das Contravenções Penais de 1941 (Lei 3688/41), que em seu art. 64 determina que tratar animal com crueldade ou submetê-lo a trabalho excessivo é contravenção , podendo seu autor ser preso ate 1 mes:
Além disso , segundo ela, também quem vender chumbinho é “Crime Contra a Saúde Pública” (art. 273 parágrafo 1º-B, inciso I e IV do Código Penal). Neste caso, a pena é de reclusão de 10 a 15 anos de prisão.
Recentemente A Comissão de Justiça do Senado aprovou um Projeto de Lei que aumenta para até 4 anos de prisão mais multa para quem maltratar animais . E ela vale também para pessoas que realizam experiências científicas “dolorosas” em animais vivos. Mas ainda não foi e deve ser aprovada em 2019. A proposta também prevê multa de até mil salários mínimos para os estabelecimentos que permitirem maus-tratos a animais. O dinheiro arrecadado com a multa deve ser repassado a entidades de proteção e recuperação de animais. A aplicação da multa levará em consideração a gravidade e extensão dos maus-tratos e a capacidade financeira do estabelecimento.
O vereador Carmo Luiz, presidente da Comissão Permanente de Proteção e Defesa dos Animais, da Câmara de Campinas informa que não possuem dados de violência específica em Barão Geraldo. Mas que existem tanto na legislação federal, como na estadual e na municipal dispositivos legais que amparam e protegem os animais de maus tratos, abusos ou abandono. Embora não exista ainda no município de Campinas uma delegacia especializada na apuração de crimes contra animais, as denuncias podem ser feitas em qualquer distrito policial de Campinas, especialmente quando a autoria é conhecida. A autoridade policial tem o dever de autuar o autor desses crimes. Abandonar, maltratar ou abusar de aminais pode condenar o autor ou autores a penas de até três anos de prisão, segundo a legislação federal vigente.
A dificuldade maior para punir o infrator é quando o autor do crime de maus tratos, morte ou abandono de animais é desconhecido, uma vez que pela falta de uma delegacia especializada para investigar esses casos, nem sempre existe abertura de inquérito para apurar as denúncias. A Comissão de Proteção e Defesa dos Animais de Campinas tem feito gestões junto ao Governo do Estado buscando o retorno da implantação da Delegacia de Proteção aos Animais em Campinas. Novas gestões deverão ser feitas com o novo governo do Estado, posto que com os governos anteriores as solicitações não prosperaram. Carmo Luiz aguarda o retorno das atividades parlamentares da Câmara de Campinas para que seu pedido de reinstalação dessa delegacia especializada seja enviado ao Governador João Dória.
O QUE FAZER?
1 -Conforme disse a biologa Maria Tereza Duarte a primeira providência é tentar socorrer – caso ainda esteja com vida – com veterinarios de plantão como fez Li Benavente com Cuchito, embora geralmente fique caro. Mas sempre fazer boletim de ocorrência no 4o distrito policial, que fica no Taquaral (que é 24h) para documentar o ocorrido e servir de cobranças na justiça e politicas. Segundo ela, na 4ª DP há um setor que cuida só dessa questão dos maus tratos aos animais
2 – Se tiver cãmeras na propriedade ou nas casas vizinhas solicitar aos vizinhos se ha gravação e verificar atentamente as gravações para ver se encontra algum indício dos animais e seus agressores (no caso do crime ter ocorrido perto) Caso tenha ocorrido longe verificar se ha câmeras perto que possam ter registrado;
3- Importante comunicar o caso à DEPA (Delegacia Eletrônica de Proteção Animal) que é um serviço via internet para denúncias de crimes ocorridos no Estado de São Paulo. É necessário identificar-se para fazer a denúncia e o sigilo dos dados serão preservados se optar pela privacidade no momento do cadastro da denúncia pelo site http://www.ssp.sp.gov.br/depa e também pelo 0800 600 6428. (prefira o site)
Há também o Departamento de Bem Estar Animal – DPBEA – da Prefeitura que fica na Vila Boa Vista que atende pelo 156 ou pelo fone 3245-1781
4 -Preventivamente uma proposta dada pelas cuidadoras, como Beth Villar, é não deixar gatos nem cachorros saírem porque muitas vezes se perdem “E atualmente ha muita maldade muita gente ruim que vê animais nas ruas e acham que podem fazer qualquer coisa com eles”
5 – Quando sumirem, o mais rápido possivel grite o nome deles bem alto várias vezes ( se já estiverem acostumados com o nome e sua voz) e deixem a caixa de areia do lado de fora e distribua fotos nos grupos do Facebook e do whatsapp
6 – E COLOQUE UM CHIP DE IDENTIFICAÇÂO! Conforme disse o assessor do vereador Carmo Luiz, a microchipagem de animais já existe em Campinas e provavelmente deve em breve, se tornar obrigatória a todos os animais domésticos do município porque, segundo ele, o Estatuto dos Animais determina que todo animal doméstico só pode ser comercializado castrado e microchipado para que seu tutor possa ser identificado, mas este artigo ainda não foi regulamentado pela Executivo. “O dispositivo, no entanto, apenas possibilita o acesso ao cadastro do portador. Ainda não o monitora e nem as reações dos portadores.” – disse o assessor Milton Frungillo
Porém já é possivel comprar chips de localização para colocar nas coleiras, em algumas casas do ramo. Assim como o aplicativo Crowdpet que serve para identificação automatica de fotos. http://www.crowdpet.io/ e que está sendo desenvolvido por startup Unicamp Porém ainda não está sendo capaz de identificação total
Para o biologo Robert Stevenson uma boa ação preventiva seria uma ação de vizinhos solidários. “Todos cuidando de todos..e de tudo!! Não sou perito para dizer.. mas lesões e traumas são difíceis de serem comprovados..” Segundo Stevenson quasempre é tudo suposição por lesões características de situações de traumas que levam ao mesmo sinal clínico. como por exemplo uma fratura de maxilar.. mas muitas cenas do local do crime mostraram a real situação ocorrida. “Cartazes.. panfletos. Faixas e tal Ajudam a inibir ou até mesmo localizar a pessoa.. outras pessoas ajudarão a encontrar o cara!” – propos ele
(WS)