A midia de Campinas continua inventando falsas historias de Barão Geraldo com base apenas em lendas , fatos inexistentes e sem sentido e boatos, como se fossem reais.
Esta semana o jornal A Cidade On – que pertece à EPTV Globo fez uma reportagem mal feita e sem assinatura – afirmando informações falsas com base em lendas sem comprovação sobre um dos principais Patrimônios Historicos de Barão Geraldo e Campinas (se é que ainda consideram que Barão é parte da cidade).
A reportagem erra logo no olho ao dizer que a Estrada de Bambu foi construida pelo Barão “para não incomodar sua filha albina” Mas o fato é que o Barão nunca teve filha albina. Outros erros de informação: Não ha nenhuma ponte chamada Guilherme Campos! e a rodovia (em que parte dela foi apelidada por estudantes da Unicamp de “tapetão”, não se chama Milton Tavares de Lima, HA MAIS DE 10 ANOS ! E sim Zeferino Vaz!
Fomos ouvir o historiador Warney Smith que pesquisou a Historia de Barão e está preparando seu livro para ser publicado. “Realmente todas essas lendas citadas pelo Cidade On eram contadas por antigos e novos moradores de Barão como Humberto Baribieri e o inspetor José dos Reis Ramos, ambos falecidos e muitos outros, mas com entrevistas gravadas. Mas quase nenhuma delas podem ser consideradas verdadeiras”
“AVENIDA MARIA AMÉLIA” NÃO FOI CONSTRUIDA PARA FILHA, MAS PARA ESPOSA E CONVIDADOS
Conforme o historiador , a estrada de bambu deve ter sido plantada provavelmente nas décadas de 1880 e 90, juntamente com os enormes jardins, roserais e pomares da sede, sobretudo após a construção de seu sobrado, sede da Fazenda Santa Genebra em torno de 1890 e antes da inauguração da ferrovia em 1899. Ou seja foram plantados antes da Santa Elisa ser vendida para o Instituto Agronomico. Ele supõe que a Estrada foi planejada pelo Barão para sua esposa , filhos e convidados justamente pela demora da construção da ferrovia planejada desde a década de 1880, devido ao sol escaldante e poeira da estrada. Era larga o suficiente para passar carruagens, trolleys e outros veículos puxados a cavalo. Porém ninguém tem registro concreto de quando, como e porque foi construída.
“O unico registro ou documento historico sobre a estrada de bambu é o livro de Amélia Resende Martins, filha do Barão publicado em 1934. O nome da estrada é “Avenida Maria Amélia”, nome de sua mãe a baronesa, que, como ela conta, tinha problemas de saúde e, na época, os médicos receitavam como remédio, morar ou passar um bom tempo em locais de clima bem frio – como na Europa ou em cidades como Petropolis, Campos do Jordão, etc E além disso, a baronesa foi para a França por recomendação médica em 1900 e logo que retonou, faleceu em 1902. O que deixa como mais provável que a Avenida de Bambu – por ter seu nome – tenha sido construida para ela. E não para nenhuma filha.” – declarou ele, dizendo ser importante que o IAC realizasse uma pesquisa ou análise com carbono para determinada a idade mais exata da Avenida de Bambus
Segundo Warney, os lirios, violetas e outras flores foram plantados em várias partes do caminho por moradores de Barão, e trabalhadores das fazendas por muitos anos muito posteriormenteà sua criação , conforme contou a antiga moradora Maria Antônia Vicentin Leonardi de que suã mãe foi uma delas. O depoimento de dona Antônia esta guardado no arquivo do Centro de Memória da Unicamp.
ESTRADA ERA USADA POR TROPEIROS E MORADORES EM GERAL
O historiador confirma a informação dada pelo técnico em pesquisa tecnológica do IAC , José Fernando Vital de que a estrada foi usada por comitivas de estrangeiros e centenas de empresários e políticos e ate D Pedro II que ele duvida. Mas deixa claro que era muito usada principalmente por moradores e vendedores comuns e pobres que iam ou voltavam de Campinas.
“Realmente, tanto no livro, como nos jornais da época, há diversos relatos e informações de diversas comitivas de autoridades e investidores brasileiros e estrangeiros para a Fazenda Santa Genebra a convite do Barão. ou para as fazendas da região e varias solenidades registradas.
NÃO HA REGISTRO DA VISITA DO IMPERADOR
Quanto ao imperador ter passado por ela ou visitado a Fazenda, Silva diz que pode ter sido possível, porém não ha nenhuma comprovação historica – o que seria estranho em se tratando do personagem, o imperador não ter nenhuma foto ou informação no livro de Amélia e nem no livro de hóspedes ilustres da Fazenda que estão guardados no arquivo do Centro de Memória.
“Temos várias noticias de visitas de autoridades brasileiras e estrangeiras – sobretudo para construção da estrada de ferro , inclusive no dia de sua inauguração, 18 de setembro de 1899. Há comprovação das visitas do presidente Campos Salles, de Ruy Barbosa, de delegações estrangeiras, E muito provavelmente foi usada pela comitiva da Rainha Elizabeth II em 1969 quando visitou a sede do IAC e se hospedou na Fazenda Rio das Pedras. Pode ter sido usada tambem pelo senador Lins de Vasconcellos (que arrematou a fazenda em 1907), por seu afilhado José Pedro de Oliveira por seu Binão, pelo banqueiro Ademar de Almeida Prado já que todos amavam passear de cavalos pela região. ” – disse o historiador . Porém ele ressalta um detalhe que considera mais importante
“Mas é importante destacar que os principais que usavam a Avenida Maria Amélia eram moradores de Barão, José Paulino, Betel, Curiango, Fazendas Rio das Pedras, São Francisco e fazendas da região de Paulínia, Usina Ester, Cosmópolis, etc. No mesmo local onde se cruzam as rodovias D Pedro e Zeferino, a estrada de Bambu cruzava a ferrovia Sorocabana e ali havia uma entrada aberta para quem quisesse ultiliza-la, onde também haviam colonias de moradores da Santa Genebra. Vários moradores em depoimentos gravados – como seu Humerto, dona Rosa, seu Nicola Pacci, Luiz Gozzi, Antônio Páttaro contavam que iam e voltavam de carroças para vender em Campinas e muitas vezes a Estrada estava interditada por muito lamaçal ou o sol era muito forte e entravam pela Estrada de Bambu” – conta ele
CONFUSÃO ENTRE OS ALBINOS
Outro erro do jornal foi confundir os vários Albinos José Barbosa de Oliveira em sua relação com o Barão. Conforme Warney Smith Silva, existiram 4 Albinos com o mesmo nome: o Conselheiro do imperio e juiz Albino (que construiu a antiga sede da Rio das Pedras e era sogro do Barão, falecido em 1889, seu filho Albino José (que administrou junto com o irmão Luis Albino, a Rio das Pedras até seu falecimento 6 meses após a morte do Barão), o 3º Albino conhecido como “seu Binão”, que administrou a Rio das Pedras de 1916 a 1950 quando faleceu e o 4º chamano de “Bininho” que morreu ainda jovem em 1960, mas nao administrou a fazenda. E por boatos foi considerado o principal culpado por “perder a fazenda no jogo” para Almeida Prado.
“A relação de Geraldo com o sogro, o Conselheiro Albino, era razoavelmente tranquila e com certeza ele também utilizou a Avenida feita para e com o nome de sua filha. Mas outras lendas e indícios indicam que pode ter ocorrido sim uma inimizade entre o Barão e o cunhado Albino José após a morte da baronesa Maria Amélia em 1902. Uma delas a construção da primeira capela de Santa Isabel no ponto mais alto da fazenda, virada de frente para a sede da Fazenda Santa Genebra ( provavelmente entre de 1904 ou 1905). Isso se tornou uma lenda repetida pelos antigos como origem da Paróquia Santa Isabel e até da vila de Barão em torno da segunda capela construída posteriormente. E como Albino administrava a Fazenda é evidente que ele e seu filho “seu Binão” usaram a Avenida com o nome da irmã” – disse.
O historiador também comentou as declarações do historiador Fernando Abrahão que falou do Conselheiro Albino, sogro do Barão e não do cunhado do Barão – Albino José – que para a Paróquia Santa Isabel e antigos moradores houve uma briga com o Barão por causa da morte da irmã, para quem o Barão mandou construir a Avenida de Bambu. Mas ele duvida da afirmação de que o Barão Geraldo era “dono da metade da cidade“: “Ele tem razão em falar que se tratam de lendas . Mas sobre o tamanho das propriedades do Barão eu não sei se é verdadeiro. Não estudei e nem tenho como comprovar se o Barão Geraldo foi de fato proprietário de “metade da cidade” como disse Fernando Abrahão. Mas isso é praticamente improvavel porque a junção das Fazenda Santa Genebra , Santa Elisa e Monolinho, que foram administradas por ele, era menor que a fazenda Taquaral, a fazenda Ponte Alta (que hoje seria a junção dos bairros Bosque das Palmeiras, Tijuco, Tozan, Alto da Cidade Universitaria, Village, e conforme alguns ia até jaguariuna. Também eram menores que as Sete Quedas e as Fazendas Chapadão e da famila Amaral entre a Santa Elisa e a Anhanguera.
E MAIS ERROS !
O jornal Cidade On também afirma que “há registros concretos que ele teria se suicidado com veneno,” – que não e verdadeiro – e que teria “vendido” a Santa Genebra a Lins de Vasconcelos. O que também é falso. Conforme Warney , Amelia diz textualmente que o Barão não queria vender sua Santa Genebra, seu maior orgulho, mas apenas havia empenhado suas propriedades para conseguir o empréstimo de 500 contos de réis por volta de 1900 e o não pagamento levou as precatórias para hasta pública em 1905, e num leilão as precatorias foram adquiridas pelo Senador Lins de Vasconcellos para pagar o emprestimo. COm isso houve ação judicial e o Barão lutou até o fim entrando na justiça e tentando conseguir alguma forma de paga-las. Mas a decisão do juiz dando ganho a Vasconcellos foi publicada em agosto de 1907. O que levou à morte do Barão. E como não ha comprovação do auto envenenamento , o mais provavel e que tenha sido parada cardíaca ou mal subito como foi citado. Mas nem no livro de Amélia nem no inventario do Barão não ha a causa mortis . Gostaria de conhecer essa “historia oficial” citada pelo jornal pois em minhas pesquisas nao encontrei nada.” disse ele.
AVENIDA DE BAMBU É UM PATRIMONIO HISTORICO DA CIDADE
Enfim a Avenida de Bambu é um dos Patrimônios Históricos de Campinas porém desprezado como os outros patrimônios historicos e artisticos de Campinas e que precisa ser preservado “Pelo menos o IAC se preocupa em mante-lo! Porque é um absurdo o desprezo de Campinas – midia e prefeitura para com os partimônios historicos de Barão” – declarou Smith Silva