Marília Passos, escritora baronense, lança “Intragável”, seu 3º romance, em outubro

Capa_Intragavel

LITERATURA   – Por Vinicius Fonseca 

A escritora Marília  Passos, nascida e criada em Barão Geraldo, está lançando seu terceiro romance no próximo mês (outubro) pela Editora Labrador. “Intragável” é o titulo.  Marília é filha do ex subprefeito e ambientalista  Márcio Passos  e da empresária Maria Cecília de Camargo Penteado e hoje  vive no Rio onde trabalha e estuda.

Pelo enorme desejo de ser artista e viver no litoral, deixou Barão Geraldo para se aventurar no Rio de Janeiro, onde formou-se em Dança e Artes Cenicas. Mas foi na literatura que se realizou. Já foram dois livros publicados “Azul Sombra” e “A natureza das coisas” o terceiro já têm data marcada, “Intragável” será lançado em Outubro, e promete manter o estilo que consagrou a escritora.

O livro mantém o mesmo espírito de seus romances anteriores: a narração detalhada das sensações de personagens conflituosas com seus próprios desejos. Em “Intragável”, Clarissa, uma executiva bem sucedida, percebe que sua vida está prestes a desmoronar por conta de seu gênio difícil ” diz a autora sobre a personagem principal do seu novo romance.

Seu primeiro romance “Azul sombra” conta a história de Ricardo, um advogado bem sucedido que é assombrado pelos fantasmas do passado. Sua vida toma uma reviravolta quando surge Rafaela, sua sobrinha. O livro é escrito numa linguagem  acessível que conta os detalhes do entorno e das sensações dos personagens que prende a atenção. Marília têm estilo duro e direto em seus romances.

O segundo romance, “A Natureza das Coisas” segue o mesmo estilo do livro anterior, explora as tensões nos relacionamentos interpessoais das personagens. O romance conta a paixão de Luísa e Cássio que tentam manter um relacionamento “saudável” mesmo com os medos e ciúmes de ambos. Cada um procurando sua identidade de formas particulares. Como Marília, Luísa busca ter sucesso como atriz. O romance se passa entre eventos e viagens por vários lugares e Marília descreve os detalhes  das sensações de cada um , em especial de Luisa,  de uma forma fácil de vivenciar,  Como se vê um filme.

Marília marcou presença na Festa Literária de Paraty na Casa PublishNews, durante a mesa “Autopublicação: a experiência de quem escreve”. e contou pra gente como foi a experiência.

Confira na íntegra a entrevista de Marília Passos para o Jornal de Barão.

A autora teve uma típica infância interiorana, viveu no sítio dos pais e avós em Barão até os 18 anos, antes de se mudar para o Rio de Janeiro, viveu com animais da fazenda, tinha as marcas do barro vermelho nos tênis, e chama carinhosamente o distrito que nasceu de “nossa pequena vila”.

JB – Como foi sua vida em Barão Geraldo?

MP – Barão Geraldo era um lugar à parte de Campinas. Aos meus olhos de criança, o “tapetão” separava a cidade grande de nossa pequena vila. Fui criada em um sítio que tinha vaca, cavalo, galinhas pomar e horta. Cresci com muita liberdade, andando a cavalo e bicicleta por todos os arredores do bairro. Meus pés e meus sapatos estavam sempre vermelhos da terra de Barão. Quando encontrava amigas que moravam na “cidade”, sentia vergonha por não ter os sapatos tão limpos e intactos como os delas, mas hoje sei que a vermelhidão daquela terra tão fértil é uma das partes essenciais de minha vida.

JB – Você sempre quis morar perto do mar. Como foi sua ida ao Rio de Janeiro?

MP – Chegar no Rio de Janeiro foi conquistar um sonho. Estar perto do mar, em uma cidade com muitos teatros, museus e shows, começar uma história própria em uma cidade que não conhecia ninguém. Mas foi duro no começo. Nunca havia visto crianças morando nas ruas, pessoas doentes pedindo dinheiro nas esquinas. A miséria, a violência. Esbarrei em momentos de tristeza e solidão, mas sabia que essa era minha nova casa.

JB – Seus ascendentes (bisavós, avós e pais) tiveram uma importância fundamental para o distrito, qual a importância de toda essa história familiar pra você?E no âmbito da literatura, houve inspirações?

MP – Crescer em um lugar onde conhecia muita gente, onde o dono da papelaria, da farmácia ou da banca de jornal, todos sabiam quem eu era, quem era minha família, despertou em mim um sentimento de pertencimento. Mesmo que, ao mudar para o Rio, eu vivesse o oposto, essa vivência me deu segurança para sempre ir adiante. E quando escrevo, tudo que me formou fica esperando o momento de vir ao papel – acho que um escritor não consegue escapar da sua história. Mas quero um dia escrever um livro que retrate o universo em que cresci de forma mais direta.

JB – Você é formada em teatro e dança e agora é escritora, você deve ter uma ligação muito forte com a arte, inclusive as personagens do livro “A natureza das coisas” têm uma relação assim. Pode falar um pouco como foi sua formação artística, como surgiu interesse pela arte?

MP – A escrita, desde muito nova, sempre foi um lugar de desabafo e de sonhos. Os livros foram uma bengala para atravessar a adolescência. Na época queria ser cantora, e apesar de estudar piano e canto, não tinha talento nenhum. Foi quando decidi experimentar o teatro e nele fiquei até perceber que a literatura sempre foi a minha casa. Encontrei na escrita ficcional a liberdade que não encontrei nas outras formas artísticas. Digo que quando escrevo, brinco de ser Deus.

JB – Luísa a personagem de “A natureza das coisas”, assim como você, foi para o Rio  tentar a carreira artística. Você inspirou ela a partir de suas experiências?

MP – Sim. “A natureza das coisas” é um livro muito próximo da minha história. Luísa caminhou muito tempo ao meu lado, a mão colada na minha. Meus livros vêm da necessidade de digerir vivencias que estão amontoadas em mim. Todos os livros, de uma forma ou de outra, são sobre minha experiências de mundo, mas Luísa, sem dúvida, foi o personagem mais explicito.

JB – Seus romances, ao meu ver, têm suas narrativas desenvolvidas a partir dos conflitos dos personagens, sejam conflitos internos, sejam conflitos com outras personagens, que sempre os colocam em um dilema moral. Não chegam a ser como os romances de Reinaldo Moraes, onde há uma certa decadência das personagens, existe um equilíbrio, o que cria um resultado interessante. Em seu novo livro, parece que as coisas vão ser por aí também. Pode falar contar o que te inspirou trazer esses conflitos pessoas e interpessoais nos livros?

MP – Gosto de finais felizes. Sei que isso não é tão óbvio em meus romances, mas realmente busco a redenção dos meus personagens, mesmo que os caminhos pareçam tortos. “Intragável”, meu novo romance, veio antes de tudo da vontade de escrever humor. Andei namorando o cômico, convencida de sua habilidade para se comunicar melhor. Em “Intragável”, Clarissa, uma executiva bem sucedida, percebe que sua vida está preste a desmoronar por conta de seu gênio difícil. A personagem narra com um humor irônico sua busca por um homem pelo qual consiga se apaixonar, convencida de que só a paixão irá deixa-la mais dócil e trazer sua vida de volta ao eixo. Em outubro será o lançamento do livro, estou ansiosa por vê-lo na mão de leitores!

JB – Quais motivos te levaram realmente a ir para o Rio? Somente estudo? Foi morar com parentes? E porque ficou?
MP – Queria acabar a escola e sair de Campinas. Como queria trabalhar como atriz, cogitei Rio ou São Paulo. Vim conhecer o Rio e fiquei maravilhada com a cidade. Achei as pessoas mais soltas, o contato com a natureza fácil, a vida cultural e artísticas fascinantes. Decidi que era aqui que queria morar.

JB – Em uma entrevista, você disse que era seu sonho conhecer o escritor João Ubaldo. Qual livro dele foi mais representativo pra você e o que dele mais fascinava você? 
MP – “Viva o povo brasileiro” é um dos grandes livros que li. Mas foi assistindo suas entrevistas que fiquei fã dele. Queria ter me sentado com ele e dado boas risadas de suas histórias. Ele retirava qualquer carga de “superioridade” ou de “glamourização” da vida do escritor. Adorava isso nele, seu ar fanfarrão e sem nenhum esnobismo intelectual.

JB – Nessa mesma entrevista. você citou o “Vermelho e o Negro” como sua obra favorita, conta pra gente o que você sentiu depois de ter lido esse clássico.
MP – Poxa, até difícil descrever o quão deslumbrada fiquei com o poder de um livro. Percebi ali que um escritor pode penetrar nos mais complexos sentimentos humanos e recriá-los através de boas histórias. Um livro como o “Vermelho e o Negro” consegue colocar o leitor muito perto das contradições humanas, ajudando-o a desenvolver a embatia pelo outros e a compreensão de si mesmo.

JB – Imagino que ter participado de uma mesa na FLIP deve ter sido fantástico, como foi essa experiência?
MP – Foi sim, fantástico, sem dúvida. Frequento a Flip desde a primeira edição, mas nunca tinha ido como autora. Esse novo lugar, de autora na Flip, foi uma afirmação para mim mesma que sou uma escritora. Fiquei muito feliz com isso.

JB – Você brindou seu público com um pequeno spoiler de “Intragável”. E a primeira frase já é bem forte “Perdi o respeito pelos homens, principalmente pelo tipo de homem com o qual convivo todos os dias. Homens bem-sucedidos, ricos e heterossexuais” e logo depois diz que são bebês chorões. Esse tipo de homem, é um reflexo dos homens que você vê na sociedade hoje em dia?
MP – Acho que existem vários tipos de homens, assim como diferentes mulheres. Clarrisa, a protagonista de “Intragável”, acha todos os homens uns bebês chorões, mas se vê obrigada a procurar um homem de verdade em determinado ponto da história. É um livro de humor, sarcástico, por isso procurei exagerar no ponto de vista dos personagens. Adoro a Clarissa, me divirto um bocado com ela. Uma mulher que fala o que pensa e não se intimida com nada. Às vezes soa detestável, ou intragável, como bem diz o título, mas é nesse extremo que está sua graça e charme.

Livros:

Azul e Sombra

Capa Azul e sombra

“Tudo que fosse natalino o deixava mal-humorado. As luzes nas fachadas dos prédios, as vitrines das lojas, o trânsito lento, todos aqueles alces e renas, e principalmente aquele gordo vestido de vermelho. Felizmente, deixaria o Brasil no dia seguinte. Passaria mais de um mês no Egito. Seria a primeira vez no deserto do Saara. Não parava de desejar aquele vazio. Queria deixar todo o barulho, as festas e multidões que entupiam o Rio de Janeiro naquela época do ano. Não fosse o jantar na casa de Otto, já teria partido, mas tinha sido convidado para a ceia de Natal. Quando ia dizer não ao convite, Otto completou que lhe daria um presente de bonificação pelos serviços prestados.
– Papai Noel foi generoso com você.”

Trecho de “Azul e sombra” (Labrador), da escritora Marília Passos.

Adquira o livro pelo link: http://www.editoralabrador.com.br/produto/azul-e-sombra/

por Sintomatica
Saiba mais: https://www.amazon.com.br/dp/8593058388/ref=cm_sw_em_r_mt_dp_U_bO1tDbCT7R05N

A Natureza das Coisas:

Saiba mais:a natureza das coisas https://www.amazon.com.br/dp/8593058361/ref=cm_sw_em_r_mt_dp_U_RM1tDbAZ02K3P

Sinopse de “Intragável”

Ao ver sua vida degringolar por conta de seu gênio difícil, Clarissa acredita que só uma paixão irá amolecer seu coração e trazer sua vida de volta ao eixo. “Intragável” conta com humor os caminhos dessa bem sucedida executiva para manter tudo que conquistou.Capa_Intragavel

Autora:

Marília Passos nasceu em Barão Geraldo e com dezoito anos (1991) mudou-se para Rio de Janeiro para estudar teatro e dança. Trabalhou como atriz e videomaker e em 2012 fez sua estréia na literatura com o livro “Azul e Sombra”.

marilia passos
Marília  Passos  foto enviada pela escritora
  • Redação

    O Jornal de Barão e Região foi fundado em janeiro de 1992 em papel E em 13 de maio de 2015 somente on line

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