O filósofo Roberto Romano da Silva, professor aposentado do Departamento de Filosofia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, faleceu nesta quinta-feira (22) aos 75 anos, vítima de Covid-19.
Nascido em 1946 na cidade de Jaguapitã, Paraná, Roberto Romano mudou-se jovem para Marília, onde passou a atuar na Juventude Estudantil Católica. Nessa época atuava como monitor de um curso do método Paulo Freire coordenado por professora da Faculdade de Filosofia de Marília.
Aos 20 anos de idade ingressou na vida religiosa, ligado à Ordem Dominicana. Inicia os estudos no Instituto de Filosofia e Teologia de São Paulo, e em 1969 foi aprovado no exame vestibular de filosofia na então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo.
Mesmo não tendo vínculo formal com os dominicanos que estavam na luta direta contra a ditadura na Ação Libertadora Nacional, Roberto Romano foi preso e torturado no Departamento de Ordem Política e Social, e depois no Presídio Tiradentes. Após ser libertado, pode concluir o curso de filosofia, graduando-se em 1973.
No ano seguinte se mudou para a França, onde iniciou o doutorado em filosofia na recém fundada Escola de Estudos Avançados em Ciências Sociais (EHESS). Defendeu em 1978 a tese “Le signe et la Doctrine – Prismes du discours théologique dans le Brésil contemporain”, sob orientação de Claude Lefort.
Já afastado da vida religiosa, ingressa na Universidade Estadual de Campinas em 1985, atuando nas áreas de filosofia, ética e política, além de história da filosofia. Dez anos depois é aprovado em concurso de livre-docência. Ainda na Unicamp, Roberto Romano foi presidente da Comissão de Perícia da universidade que cuidou da análise das milhares de ossadas encontradas no cemitério de Perus, em São Paulo. Foi autor dos livros “O Desafio do Islã”, “Moral e Ciência. A monstruosidade no século XVIII”, “Brasil. Igreja contra Estado”, “O Caldeirão de Medéia”, entre outros títulos.
O Jornal de Barão lamenta sua morte e envia condolências à familia.