Origem imigrante é um dos fatores do forte apoio a Bolsonaro na região

Nem falta de informação, nem religião neo pentecostal. Um dos principais motivos para o forte apoio a Jair Bolsonaro na região da Grande Campinas é justamente suas origens. Os ascendentes da família do novo presidente são de APENAS DUAS das famílias de imigrantes italianos e alemães expulsos da Europa no final do Seculo XIX e que vieram muito pobres trabalhar nas fazendas de café nessa região. Ele é o segundo presidente brasileiro que é descendente de italianos. O primeiro foi o gaucho Emilio Garrastazu Medici, do período mais duro da Ditadura Militar. E é descendente também de alemães (como o ex presidente, também militar, Ernesto Geisel e também Fernando Collor.)

Segundo o historiador Warney Smith, o tataravô do presidente, Angelo Bolzonaro, veio da região do Vêneto (a região italiana de onde a grande maioria dos italianos que colonizaram a região de Paulinia , Barão e Campinas vieram)  em 1889 para a Hospedaria dos Imigrantes em São Paulo, com a passagem emprestada (iriam pagar com o que recebessem) região do Veneto. Foram trabalhar em fazendas em Piracicaba onde o filho de Angelo, com nome italiano Vitório, foi registrado como João Bolsonaro, que acabou se mudando para Amparo,  que na época era apenas um bairro de Campinas, onde abriu uma venda com seu irmão. Como as inumeras vendas rurais que deram origem a Paulínia,  Barão e outras cidades. Depois eles mudaram a venda para o centro de Campinas.  

Em Amparo,  João casou com outra italiana, de nome Filomena ou Lucia com quem teve 14 filhos. Um dos primeiros filhos,  João  colocou o nome do avô italiano, Ângelo Bolsonaro que se casou – já em Amparo com Elza Hintze, filha do alemão Carl Hintze e da filha de italianos Luzia Calió. Esses são os bisavós de Bolsonaro. 

“Os jornalistas da EPTV acabaram descobrindo que o bisavô alemão de Bolsonaro , Carlos Hintze era um dos editores e sócios do jornal  “O Getulino”, um dos jornais da imprensa negra de Campinas bastante estudada pela Unicamp. Esse jornal era um dos que defendiam os negros ex escravos (que se chamavam de “pretos” ou “homens de cor” na época) de Campinas de maus tratos e lutava contra o racismo” E ja fizeram materia sobre isso durante a campanha – conta ele. 

Em Amparo nasceu o pai de Jair , Percy Geraldo, que era protético e dentista prático, sem formação e que vivia viajando pelo interior arrancando dentes e vendendo dentaduras.   Percy se casou com a também filha de italianos Olinda Bonturi e foram morar na cidade de Glicério onde Jair e outros irmãos nasceram. Mas Jair foi registrado em Campinas em 1955. “Segundo disse dona Olinda, Percy deu esse nome ao filho em homenagem ao famoso jogador do Palmeiras, Jair da Rosa Pinto, que era de Barra Mansa-RJ  e que era da seleção brasileira na época.” – conta Smith. 

Uma das questões mais valorizadas portanto é essa história de luta familiar não apenas pela sobrevivência, mas pela melhoria das condições de vida (o antigamente chamado “progresso”) Seus avós lutaram contra a proletarização e seus netos se tornaram comerciantes bem sucedidos na região de Campinas E seu pai encontrou uma ocupação bastante necessária no interior paulista além da carreira política E com isso pode dar boas condições aos filhos. “Ter um filho na Academia Militar das Agulhas Negras nos anos 1960-70 era um dos maiores ambições e orgulho  das famílias brasileiras naquela época. Eu convivi com isso em Barra mansa e meu pai  me incentivou várias vezes a tentar entrar. E a prova era bem difícil.”- contou o historiador.

 

PAI DE BOLSONARO FOI VIGIADO PELO D.O.P.S.

Segundo o historiador , o Estadão descobriu no Arquivo do Estado que Percy e Olinda depois se estabeleceram em Eldorado no final da década de 1960, no vale do Ribeira onde Percy foi candidato a Prefeito e vereador pelo MDB nos anos 1973 e 75, mas não conseguiu se eleger. Foi lá que Jair Bolsonaro viveu a adolescência com seus irmãos.  “Mas o Estadão descobriu isso no arquivo do DOPS! Pois Percy era de um partido de oposição  aos militares. Os policiais os acusaram por “exercício ilegal da profissão” de médico ou dentista e os militares o registraram também como “protético” e politico da oposição.  Mas em 1976 Percy Geraldo Bolsonaro  foi absolvido da acusação 

E foi de Eldorado – onde há uma vila de Remanescente de Quilombos – que Jair Bolsonaro foi para a AMAN – Academia Militar das Agulhas Negras em 1974, onde após a formatura, a entrada no exército é praticamente automática. 

 

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Jair Bolsonaro com sua mãe Olinda e seu pai Percy Geraldo quando morava em ELdorado (SP) e era estudante da Academia Militar das Agulhas Negras em 1975

 

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