por Adilson Roberto Gonçalves
A figueira é uma espécie invasora, pois não é nativa. Esse conceito leva em consideração o período após a chegada dos europeus. Mas praticamente todas nossas grandes culturas são invasoras. Do eucalipto à cana-de-açúcar, do milho ao trigo, pouco coisa em larga extensão havia aqui. Estudos modernos dão conta do quanto essas espécies podem comprometer o desenvolvimento de outras ou comprometer os ecossistemas. Há algumas que não possuem predadores naturais e se tornam pragas, especialmente as espécies animais.
Mas a figueira, ou melhor a falsa-figueira (Ficus elastica), que ficava no início da estrada da Rhodia, mais especificamente no entroncamento da rua Maria Ferreira Antunes com a avenida Albino J.B. de Oliveira, em frente ao condomínio Vila Flor, próximo à Casa da Moqueca e não muito longe da Praça do Coco. Sim, ficava, pois o que restou e que não pode mais ser chamado de árvore.
Acompanhei a discussão de botânicos alegando que a planta estava doente, atacada por um fungo de difícil tratamento e praticamente condenada a morrer. Bem, esse é o destino de todo ser vivo e uma árvore não é diferente. No entanto, chama a atenção que somente de uns meses para cá a doença veio à tona, após os vários casos de árvores que tombaram devido a eventos climáticos extremos com morte de pessoas em Campinas. De forma atabalhoada a prefeitura passou a extrair muitas delas de parques públicos e parece que nosso ex-símbolo de Barão Geraldo integrou esse
conjunto.
Estar bem à frente de um empreendimento imobiliário é outro detalhe que não pode ser desconsiderado. Como bem lembrou a editora Marli Gonçalves, do site “Chumbo Gordo“, há os que tornaram a árvore uma inimiga e vão reclamar do “calor urbano”
( https://www.chumbogordo.com.br/433861-calor-urbano-por-marli-goncalves/ )
Fato é que, por precaução ou por interesses imobiliários nefastos, perdemos um símbolo.
Mais um.