Por Wagner Romão A comunidade de Barão Geraldo (BG) foi surpreendida na tarde de 11 de novembro de 2022, uma sexta-feira meio chuvosa, com a apresentação do projeto do Polo de Inovação e Desenvolvimento Sustentável (PIDS), feita pela Prefeitura, no Salão Paroquial da Igreja de Santa Isabel. Talvez “surpreendida” não descreva muito bem a situação: há décadas Barão tem sido assediada pela voracidade do mercado imobiliário que, mesmo tendo vitórias por aqui, também tem sido contido pela força da mobilização comunitária que quer manter BG como um distrito com menos prédios, com mais preservação ambiental e com um convívio mais amigável entre todas as pessoas. Desde aquela tarde de novembro, a comunidade tem se mobilizado para fazer frente ao modelo de urbanização que o PIDS propõe: mudança abrupta do rural para o urbano, prédios de até 7 andares e nenhuma solução para os problemas da Barão Geraldo de hoje: trânsito travado todos os dias, precariedade na saúde e na assistência social, desleixo na manutenção das ruas, avenidas e pontes, insegurança, entre tantas dificuldades. A primeira vitória foi a suspensão da audiência pública que iria sacramentar o PIDS sem que a população estivesse minimamente informada sobre o projeto. Ela ocorreria no Salão Vermelho da Prefeitura em pleno mês de janeiro, em horário comercial, mais uma audiência “pra inglês ver”. Conseguimos a suspensão com o apoio do Ministério Público e, depois, combinamos com a Prefeitura um processo participativo que pudesse realmente dar à comunidade de Barão a oportunidade de conhecer o PIDS e de construir (contra)propostas de alteração à minuta do projeto de lei. Tivemos uma boa participação da comunidade, embora sempre busquemos cada vez mais conscientizar as pessoas da importância de sua presença nas oficinas. Temos pelo menos 12 grupos de Whats App da nossa mobilização, mas a presença nas reuniões é fundamental para nossa organização! As oficinas ocorreram em março e a segunda rodada se finalizou em maio. A comunidade apresentou uma contraproposta que dialoga bastante com a proposta do HIDS (Unicamp) na parte do CIATEC (entre a PUC e a Giuseppe Scolfaro) e que propõe uma zona de transição do urbano para o rural ali na região do “cogumelo” (entre a Giuseppe Scolfaro e o Bosque das Palmeiras. Nossa proposta tem uma preocupação muito forte com a preservação ambiental e com a limitação do adensamento (prédios) no distrito. Agora é o momento de a Prefeitura nos dizer como acatará as propostas da comunidade. Ouvimos boatos e reportagens no Correio Popular que dizem que há possibilidade de que a Prefeitura “desista” do PIDS. Essa é uma vitória para nós! Porém, não queremos que tudo continue como está. Principalmente, queremos que a parte do “cogumelo” tenha seu zoneamento modificado. Essa parte do distrito, pela Lei 207/2018, passou de ser zona rural para ter um zoneamento que permite a construção de prédios de até 12 andares! Queremos mudar isso, proteger o Rio Anhumas e propusemos que aquela área possa ter uso residencial mas também com o incentivo à implantação de sistemas agroflorestais e empreendimentos em agroecologia, de modo a realizar a transição urbano-rural de forma mais harmônica. Dia 13 de junho a ADunicamp promoverá um debate com a presença da comunidade, da Prefeitura e da coordenação do HIDS/Unicamp. Na semana que vem trarei mais detalhes. Mas, já adianto que será uma boa oportunidade de sabermos mais qual será o futuro do PIDS e de nossa mobilização!