A Unicamp foi vitima de mais uma série de pichações neonazistas e racistas na noite ontem (14-08), por volta das 21h em várias faculdades. Foram registradas pixações na Biblioteca Antônio Cândido do IEL (Instituto de Estudos da Linguagem), banheiros do IG (Instituto de Geociências) IE (Instituto de Economia), IFGW (Instituto de FIsica Gleb Watalgin) , Ciclo Básico e dependências da FEEC (Faculdade de Engenharia Eletrica e Computacional) .
A maioria das pixações foram feitas em vários moveis e paredes e monitores de computador da Biblioteca do IEL A maioria com desenho de suásticas, “Poder Branco” (mais conhecido como o movimento racista dos EUA “White Power” que é um dos movimentos que defende a “supremacia branca” e que já realizou vários atentados nos EUA) e com ameaças com o “massacre ou chacina” que ocorreu na Faculdade Columbine (Columbine High School) nos EUA. ( Foi em 20 de abril de 1999, na cidade de Columbine, no estado do Colorado), quando dois alunos Eric Harris e Dylan Klebold, mataram 13 colegas e feriram mais de 20 com metralhadoras e cometendo suicídio posteriormente.)
Também foram encontradas pixações em banheiros do Instituto de Geociencias e na FEEC onde, conforme alguns alunos informaram, foi colocado durepoxi em portas.
Se confirmadas, não são nem deveriam ser tipificadas apenas como “vandalismo” ou simples “ameaças” como está no Codigo Penal brasileiro, mas sim pelo crime “Apologia ao Nazismo” ou “Incitação ao preconceito” que é crime INAFIANÇAVEL (isto é, não ha libertação mediante fiança) previsto pela lei 7716 de 1989 : que no artigo 20 diz “Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Pena – Reclusão de um a três anos e multa. e em seu primeiro parágrafo , há previsto o referido “Crime de Divulgação do Nazismo”:
“§1º – Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular, símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo. Pena – reclusão de dois a cinco anos e multa”. Além disso o artigo 140, § 3º, do Código Penal, estabelece uma pena de 1 a 3 anos de prisão (“reclusão”), além de multa, para as injúrias motivadas por “elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem, ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência” Porém somente existem tais leis contra crime de odio
Ja a lei antipixação 9.605 em seu artigo Art. 65 diz que “Pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano: (Redação dada pela Lei nº 12.408, de 2011); somente estipula uma ´pena de detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. § 1° “Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtude do seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena é de 6 (seis) meses a 1 (um) ano de detenção e multa.”
Tais pixações já foram realizadas pelo menos duas vezes antes em diversas faculdades da Unicamp nos anos anteriores – como o IFCH, (Instituto de Filosofia e Ciencias Humanas) , no Ciclo Básico , Faculdade de Educação, Faculdade de Medicina Instituto de Biologia e até em prédios da Reitoria, porém sem provas de autoria. E em algumas delas houve protestos e abertura de processos
Até o momento a direção do IEL soltou uma nota lamentando o fato explicando o porque do fechamento da Biblioteca e informando que já tem imagens do rosto do criminoso que já foram entregues à polícia . Para a direção do IEL foi um crime de “vandalismo” e “ameaça à comunidade” : “Câmeras de segurança registraram toda a ação do delinquente e temos imagens claríssimas de seu rosto. Todas as providências administrativas, jurídicas e policiais estão sendo tomadas para identificar e processar o autor desse ato criminoso. A Biblioteca permanecerá fechada até que se conclua a perícia. A Direção da Biblioteca informará oportunamente sobre sua reabertura.” – diz a nota
A Reitoria da Unicamp informou que já foram limpadas as pixações e que abriu sindicância analisando as imagens das câmeras para tentar identificar o autor das pichações e registrar ocorrencia e que “tomará todas as providências para apurar o fato e prestará todo o apoio necessário às duas unidades para garantir que o autor desses atos deploráveis seja identificado e devidamente processado dentro e fora da Universidade”.
Em nota a Unicamp disse que “condena com veemência” os atos de “vandalismo” cometidos E e declara que “Mais graves do que os danos causados ao patrimônio público são o simbolismo dos desenhos e o teor das mensagens, totalmente incompatíveis com os valores da Unicamp e absolutamente inaceitáveis no âmbito de uma comunidade acadêmica que preza a democracia, a paz e a diversidade.
Em outra nota anterior, além da condenação, a universidade aproveitou para informar que conta desde 2003 com um serviço de ouvidoria, que nos casos de violação de direitos humanos “…quando conhecida a autoria, instaura procedimentos para a realização de oitivas dos envolvidos e testemunhas para adequada apuração dos fatos”.
NOTA DA DIREÇÃO DO IEL
À comunidade do IEL
Com desgosto, informamos que ontem à noite, durante o expediente, um boçal entrou na biblioteca Antonio Candido e praticou atos inaceitáveis de vandalismo e de ameaça à comunidade e a nossos valores: com uma caneta do tipo “marcador permanente”, pichou sobre mesas e telas de computador suásticas, slogans racistas e ameaças brutais (“Vai ter massacre #Columbine“).
Câmeras de segurança registraram toda a ação do delinquente e temos imagens claríssimas de seu rosto. Todas as providências administrativas, jurídicas e policiais estão sendo tomadas para identificar e processar o autor desse ato criminoso. A Biblioteca permanecerá fechada até que se conclua a perícia. A Direção da Biblioteca informará oportunamente sobre sua reabertura.
A Direção
NOTA DA UNICAMP
A Reitoria da Unicamp condena com veemência os atos de vandalismo cometidos no Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) e no Instituto de Geociências (IG) na noite desta terça-feira (14), quando um indivíduo desenhou suásticas e escreveu mensagens de cunho racista e de apologia à violência em telas de computadores, paredes, mesas e vasos sanitários da Biblioteca Antonio Cândido, e no banheiro masculino do IG.
Mais graves do que os danos causados ao patrimônio público são o simbolismo dos desenhos e o teor das mensagens, totalmente incompatíveis com os valores da Unicamp e absolutamente inaceitáveis no âmbito de uma comunidade acadêmica que preza a democracia, a paz e a diversidade.
A Reitoria tomará todas as providências para apurar o fato e prestará todo o apoio necessário às duas unidades para garantir que o autor desses atos deploráveis seja identificado e devidamente processado dentro e fora da Universidade.
Nesta quarta-feira (15), a Unicamp decidiu abrir sindicância para apurar o caso, a vigilância da Universidade iniciou a análise de imagens do circuito interno de câmeras para tentar identificar o autor das pichações e será registrado boletim de ocorrência na Polícia Civil.
Reitoria da Unicamp
Campinas, 15 de agosto de 2019
Veja algumas fotos tiradas por alunos do que circularam pelo facebook